sexta-feira, 26 de março de 2021

Assassinato em Massa

 Por Antonio Siqueira














Depois de sambar em cima de 300.000 mortos, depois de tripudiar sobre o luto das famílias que perderam seus entes queridos, depois de estimular de todas as formas as aglomerações, o não uso de máscaras, passando por cima de todos os protocolos de segurança sanitária no que concerne à pandemia da Covid-19, de rejeitar três ofertas de reservas para compra de 70 Milhões de doses da vacina desenvolvida pelo laboratório Pfizer e de protagonizar diuturnamente uma série de barbaridades e absurdos; o Presidente Jair Messias Bolsonaro, propõe o diálogo e o entendimento entre os Três Poderes. Não é nem "tarde demais", simplesmente não há confiança nesta gestão. Não existe genocídio culposo, genocídio é hediondo, é assassinato em massa! O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou nesta quarta-feira à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro seja denunciado por crimes na gestão da pandemia da Covid-19. A Suprema Corte Internacional, ou Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia na Holanda, aceitou e analisa denúncias de genocídio contra Bolsonaro. Pode acolher, devem abrir até inquérito, entretanto não dará em nada. Bolsonaro até anunciou comitê anti-Covid-19, mas insiste em ‘tratamento precoce’. Pior que ignorância é a insistência na ignorância. Ignorância ou maldade, não importa; os portões do inferno estão abertos.

Segundo a revista "Carta Capital", as vendas de cloroquina nas farmácias e drogarias saltaram de 963 mil unidades em 2019 para mais de 2 milhões no ano seguinte. O comércio da ivermectina, outro medicamento sem efeito comprovado, pulou de 8 milhões de unidades para 52,3 milhões no mesmo período. Medicamentos usados no desespero em UTIs e devidamente descartados, com a evolução de novas e mais eficazes opções de tratamento. Pior, o excesso de consumo do antiparasitário provocou uma onda de casos de hepatite pelo país. E o maior dos absurdos: Houve distribuição até por meio de planos de saúde. Aguardamos até o fim desta década que o Tribunal Internacional, a Suprema-Côrte sediada em Haia, na Holanda, acolha as centenas de denúncias e dossiês revelando este crime contra a humanidade. O resto são a marcha fúnebre contínua e inúmeras guerras ideológicas travadas por indigentes mentais, parasitas desocupados e sociopatas carniceiros. E quando começaremos a vacinar de fato nossa população para que possamos ter segurança para reconstruir este país e não engrossar a longa lista de óbitos? Até onde aceitarem este negacionismo demente, não haverá solução.

Em laboratório, o coronavírus já demonstrou o chamado escape imunológico: resistência às vacinas. Mas as mutações também podem deixá-lo mais vulnerável. Entretanto, que está longe de se encontrar vulnerável é a crueldade com que o governo trata esta crise sanitária. As vacinas são compradas a conta-gotas, o chefe do executivo virou duble de curandeiro, noutras horas se dedica à espalhar desinformação e absurdos, como o de que o uso de máscaras é prejudicial

Nas redes sociais as diferenças de opiniões geram combates sem fim. Conversas, no geral, já duram muito porque pessoas não sabem como terminá-las, temperadas com o ódio fomentado pelos polarizadores de plantão, as partes envolvidas perdem a mão. O resultado é uma enxurrada de infâmias, difamações e processos. Vamos em frente, porque o Brasil é maior do que o abismo que essas autoridades tentam cavar diante de nós. 

Por sua vez, Bolsonaro deveria seguir o exemplo de outros verdadeiros líderes mundo afora que buscam minimizar diferenças e focar na proteção de suas populações, promovendo a coesão. Mas, por aqui, o mandatário mente, defende ações para expor a população ou faz discursos em tom de ameaça para aumentar ainda mais o clima de pavor. O genocídio se pratica de diversas formas, não dá para prever o que vem pela frente. Não será bonito de se ver.


Confusões com o Supremo, com o Senado e ameaça a gestores de Estados e municípios

Depois de passar os dois primeiros anos de gestão fazendo ameaças de golpe e se arvorando de estar no comando das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu criar nova institucional, ao proclamar que poderia baixar “medidas duras” contra governadores e prefeitos que impuserem medidas restritivas. Estas ameaças de “medidas duras” contra governadores e prefeitos fizeram o ministro Fux enquadrar Bolsonaro.  O inesperado telefonema de Fux pode até ter levado Bolsonaro o entender o recado de que não apenas ele, mas também os presidente do Supremo e do Congresso podem pedir intervenção militar, nos termos do famoso art. 142, ao definir que “as Forças Armadas destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Ou seja, se Bolsonaro continuar com sua costumeira fanfarronice, tanto Fux quanto o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), juntos ou separadamente, podem requisitar a ação dos militares. É claro que Fux, hábil e educado, não tocou no assunto. Apenas indagou a Bolsonaro qual é o seu real objetivo com esses palavras, ou seja, cobrou explicações. E Bolsonaro teve de se explicar, fato que constituiu uma humilhação para o presidente da República, sem a menor dúvida. 

Depois de tantos exercícios infundados, empunhando a caneta esferográfica e tudo o mais, é impressionante que este senhor limítrofe ainda não tenha percebido que não é ele quem comanda as Forças Armadas. Quem o faz é inquilino do Planalto, seja quem for, mas apenas no exercício de suas funções, e só pode exercer esse comando em nome do interesse público e jamais em nome do interesse pessoal, sobretudo quando se trata de um político sem equilíbrio emocional e que circunstancialmente conseguiu chegar à chefia do governo, num fenômeno de catástrofe cultural jamais visto.

A questão da vacina já está sacramentada. Bolsonaro não comprou as vacinas da Pfizer por que não quis. Ontem prometeu 500 milhões de doses. O discurso de 2 horas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ter seus direitos políticos restituídos pelo Supremo Tribunal Federal, teve efeito imediato no Brancaleone. Até máscara Bolsonaro usou, mas abriu a boca e aí, é suicídio certo.

Parece piada de humor negro: o exército do presidente Brancaleone com a turba ignara de arrogantes serviçais, os irmãos metralha e ele próprio, passaram a usar máscara. Autêntico teatro de negacionistas dissimulados. Precisou Lula voltar das trevas usando máscara e incentivando a vacinação, para despertar as almas insensíveis de plantão no Palácio do Planalto.

Antes, o deplorável ministro das Relações Exteriores e patética comitiva, que incluiu Eduardo Bolsonaro, passaram vexame em Israel. Foram obrigados a usar máscaras. Uma vergonha que só não deprime os apoiadores do cercadinho do planalto. Durante um ano os negacionistas repugnantes debocharam das normas sanitárias e da importância do uso da máscara. A vacina é escassa, tornou-se artigo de luxo. O imaculado filho senador aproveitou a deixa, tirou 6 milhões da poupança e comprou uma suntuosa casinha no Lago Sul.


O Beócio Sacripantas  e seu novo ministro da doença

Desde sempre, o mito de barro desdenhou da pandemia, chegando ao cúmulo de chamar a covid-19 de “gripezinha”. Depois, colecionou pilhérias ridículas, como “quem vacinar, “vira jacaré”.

Grosseiro, boca suja, sem educação, um dos filhinhos do Brancaleone mandou enfiar a máscara naquele lugar. Todo esse oceano de parlapatices e sandices por obra e graça daqueles que têm obrigação de oferecer bons exemplos e respeito ao próximo, enquanto centenas de milhares de famílias brasileiras são massacradas e infelicitadas pela covid-19. Causa chaga aos ouvidos e aos olhos. Augusto dos Anjos não retrataria tão bem!

É mais do que óbvio que sem lockdowns, será difícil interromper o contágio e, na prática, muita gente ainda vai morrer de covid-19 no País. Se continuarmos nessa política de vacinação, vamos ficar contando mortos, afirmam os epidemiologista e infectologistas. O calendário de vacinação perdeu a credibilidade. O ideal era o País estar vacinando 2 milhões de pessoas por dia até outubro.

Considerando que tudo dê certo, possivelmente haverá imunidade de rebanho em dezembro. Na outra ponta, se confirmadas as previsões de média diária de 3 mil mortos por dia, a carnificina baterá números ainda mais macabros até o fim do ano. Queira ou não queira, se continuar seguindo as ordens de Bolsonaro, o ministro Queiroga vai se arrebentar mais do que o general-logístico Eduardo Pazuello. Queiroga é médico, é cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Mas também é bolsonarista, negacionista e oportunista.

A importante cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, seguiu a política de Bolsonaro, com cloroquina, tratamento precoce e frouxidão no isolamento e agora viu as mortes se multiplicarem. Queira ou não queira, o médico Queiroga passou a ser responsável pela política nacional de saúde e não é mudando o sistema de estatística da pandemia que irá resolver a realidade de 300 Mil mortos. Absurda e criminosa realidade!


Amigos na Chuva


Para que Eduardo Pazuello não perca o foro privilegiado, Bolsonaro precisa arrumar alguma nova função para o ex-ministro da doença. É do temperamento do presidente não deixar amigo na chuva.  Sugeriram a Bolsonaro a presidência do Banco Central ou da Petrobrás. O presidente recusou, alegando que o coitado do ex-ministro anda estressado. Trabalhou duro no ministério da Saúde. Precisa descansar o esqueleto. Pegar um batente mais leve. Nessa linha, o chefe da nação tem recebido pencas de sugestões. Analisa todas elas. Com carinho, zelo e espírito público.

Só que o dúbio em geral flerta profunda e matrimonialmente com a esquizofrenia. Depois de todo o discurso à luz sobre trevas da semana após a ascensão de Lula, o Brancaleone em transmissão ao vivo na quinta-feira passada, chamou governadores e prefeitos que decretam medidas restritivas de “projetos de ditadores” que teriam, pelos atos, poder de “usurpar” a Constituição. 

Bolsonaro é burro, mas não é louco. É um ser rancoroso, cheio de ódio de tudo e de todos, inclusive dele mesmo, dado o complexo de inferioridade notório em sua personalidade pífia e descartável. O seu governo sobrevive graças à usina de crises que ele, Jair Bolsonaro, patrocina. Típico da liderança fascista de Benito Mussolini, mal comparando. De 1922 a 1943, Mussolini improvisou toda sorte de elementos sórdidos nos seus 21 anos de ditadura como Primeiro Ministro da Itália. A diferença era a erudição de Mussolini comparada à criatura profundamente limítrofe que é Jair Bolsonaro. 

Mussolini educou-se na Escola Real Secular de Homens Carducci em Forlimpopoli, ingressou no Partido socialista Italiano estrategicamente, como trampolim para fugir do serviço militar fugindo para a Suiça. Na Suíça, adquiriu um conhecimento prático de francês e alemão. Durante este tempo, estudou as ideias do filósofo Friedrich Nietzsche, o sociólogo Vilfredo Pareto, e o sindicalista Georges Sorel. Sobre Sorel, Mussolini declarou: "O que eu sou, eu devo à Sorel". 

Mussolini lutou no front na Primeira Grande Guerra e foi no front que iniciou seu discurso improvisado que pregava o fim do Estado Elitizado (um mero deboche). Em 1919, Mussolini fundou os "Fasci di Combatimento", em Milão, o primeiro grupo do "Partido Fascista" que pregava a abolição do Senado, a instalação de uma nova constituinte e o controle das fábricas por operários e técnicos, não sem antes perseguir minorias de todos os segmentos, perseguiu sobretudo os anarquistas, os comunistas (estes que o ajudaram muito a remodelar seu intelecto), perseguiu as igrejas, perseguiu judeus, colaborou com Hitler que o tinha como um ídolo, matou mais 90.000 opositores e levou a Itália à lama na Segunda Guerra Mundial integrando o Eixo. O fim dessa história é o que todos conhecem. 

Bolsonaro é um ex-parlamentar que nada fez de útil ou inútil, a não ser pregar o ódio, roubar descaradamente o dinheiro público comendo-o pelas beiradas e aproveitar uma chance na mídia de popularizar a vulgarização da cultura e das  tradições políticas, trazendo um discurso chinfrim de moral e bons costumes aliados a deus, ao obscurantismo, às teorias mais infectadas de insanidades diversas e outras crenças acéfalas mais. Sobre o lombo de um povo carente de tudo que é básico em termos de educação, cultura e acuidade de sentidos. Um povo que está sendo dizimado num assassinato em massa. Quando o Brasil resolver se livrar de Jair Bolsonaro, pode ser tarde demais!

Colaborou: Marcia Cristina
Imagem do Vírus Presidente: Thiago Recchia


quinta-feira, 18 de março de 2021

Médico sério defende o que Bolsonaro condena e condena o que ele defende. E Queiroga?

Por Eliane Cantanhêde
Estadão





A médica cardiologista Ludhmila Hajjar é o oposto do general da ativa Eduardo Pazuello e deixou a demissão dele do Ministério da Saúde ainda mais humilhante. Ela conhece profundamente a situação da pandemia e tem noção clara não só do que fazer, mas sobretudo do que não fazer. E ele? O homem errado, na hora errada, passando vexame. Mas a grande diferença entre os dois nem é essa. É que ela tem brios.

Ao ser chamada a Brasília pelo presidente Jair Bolsonaro, Hajjar já tinha estratégia, equipe e estava pronta para a guerra – diferentemente do general. “Mas foi só um sonho”, desabafou a doutora, depois do encontro com Bolsonaro.

ÁGUA E AZEITE – O mais surpreendente é que a médica sabia exatamente o que o presidente pensa da pandemia, mas ele nem sabia com quem estava falando. Só aí soube que os dois são como azeite e água.

Bastava fazer uma busca na internet e ouvir umas poucas pessoas para Bolsonaro saber que Hajjar é contra cloroquina, despreza o tal “tratamento precoce”, segue a ciência, defende o isolamento social e as máscaras e é obcecada pelas vacinas – e pela vida. Ou seja: ela defende tudo o que ele condena e condena tudo o que ele defende. Por isso, é mais uma a virar alvo de ataques covardes da tropa bolsonarista.

Isso, aliás, combina à perfeição com a provocação que uma alta fonte do governo me fez na semana passada, quando ficou claro que Pazuello não duraria muito na Saúde: “Quem pôr no lugar? Desafio você a sugerir um médico respeitável, com credibilidade, que aceite assumir a Saúde numa hora dessas!”. Pura verdade.

UM MANDA, OUTRO OBEDECE – Qualquer médico sério pensa como Hajjar. Logo, Bolsonaro ficou entre um nome do Centrão ou um doutor pronto a seguir a máxima de Pazuello: “um manda, outro obedece”.

Assim, o novo ministro, Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, está no foco. Vai ter a altivez de Luiz Mandetta, Nelson Teich e Ludhmila Hajjar, ou vai replicar Pazuello e jogar a ciência para o alto?

O País está em polvorosa, caminhando para 300 mil mortos, com governadores e prefeitos tontos, médicos e enfermeiros no limite, mas o que fez Bolsonaro mudar o ministro e o discurso não foi nada disso. Foi a entrada do ex-presidente Lula em cena. Era preciso um bode expiatório rápido. E um general da ativa é um bode expiatório e tanto.

PREVISÕES ILUSÓRIAS – Depois de fritado pelo presidente e três generais de Exército, inclusive o ministro da Defesa, Pazuello ainda divulgou que, ao contrário das versões palacianas, ele não estava doente, não tinha pedido demissão e não tinha sido demitido. E, ontem, disse que 15% dos grupos prioritários estarão vacinados em março e 88% em abril.

Convém guardar esses números, porque uma das marcas do general é fazer previsões que não se confirmam, nem de datas, nem de doses, nem de contratos, nem de testes…

E ele se “esqueceu” de dizer que, se 10 milhões de brasileiros foram vacinados até agora, é graças ao governador João Doria (SP), ao Butantan, ao laboratório Sinovac e à Coronavac, atacada como “aquela vacina chinesa do Doria”, quando Bolsonaro bateu no peito, disse que ele é que mandava e cancelou a compra de 46 milhões de doses que Pazuello anunciara.

GESTÃO CATASTRÓFICA – Se dependesse de Bolsonaro, os brasileiros nem estariam se vacinando até agora, quando estão morrendo sem direito a UTI, dignidade, humanidade. É por isso, aliás, que a gestão da pandemia no Brasil foi parar na Conselho de Direitos Humanos da ONU, sofre investigações do STF, do TCU e do Ministério Público e pode virar alvo do Congresso.

Caso a CPI seja instalada, não há gabinete do ódio, carreatas e fake news que possam apagar todas as monstruosidades de Bolsonaro a favor do vírus, contra a vida. A dúvida é como Queiroga vai lidar com isso. E com a realidade.



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

O Embuste

 Por Antonio Siqueira



A figura inútil de decorativa diante de seus devotos acéfalos











Jair Messias, como sempre faz quando se sente acuado, parou no cercadinho e disse a apoiadores nesta sexta-feira, dia 12 que foi citado nas mensagens hackeadas da Operação Lava Jato e que, por isso, quer ter acesso a elas para divulgá-las. “Para que não haja dúvida, mandei pedir aquela matéria hackeada que está na mão do PT, na mão do Lula. Tem meu nome lá. Alguma coisa já passaram para mim. Vocês vão cair para trás. Chegando, eu vou divulgar. O Lula não vai divulgar. Já falou que não vai. Eu vou divulgar.”, disse Bolsonaro a seus eleitores. 

Os diálogos foram hackeados e, mais tarde, apreendidos pela Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing, que investiga os invasores dos celulares de membros da operação. Inclusive o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a decisão que permitiu à defesa do ex-presidente Lula o acesso a mensagens trocadas entre integrantes da Lava Jato. 

Na mesma conversa fiada, Jair Messias disse também aos apoiadores que deverá haver a publicação ainda nesta sexta-feira de decretos sobre armamentos. Uma das medidas, segundo Bolsonaro, envolve airsoft, esporte de ação que simula situações de combate e que, para isso, utiliza armas de pressão que disparam bolinhas plásticas. Ele voltou a defender a facilitação de armas à população sob o argumento de que “nenhum governante vai querer dar uma de herói […] se o povo estiver armado”.

A exemplo do seu discurso diário, Jair Messias Bolsonaro é um embuste. Divaga sobre suposições, esquece que é presidente da República e trata de assuntos relevantes como se estivesse em uma roda de botequim, com os seus achismos, desinformação e inclinações de ódio. Busca sempre justificar as explícitas derrapadas do seu clã, trazendo na manga uma lista de possíveis culpados que sempre tentam prejudicá-lo. Conforme já dito, um impedimento seria providencial, e abreviaria o tormento da população que já não aguenta mais tanta incompetência e mentira.


terça-feira, 23 de junho de 2020

A festa da estupidez: parece que a pandemia acabou e só eu esqueci de sair de casa


Por Dany Santos



A Festa Da Morte




Pode ser que esteja muito difícil pra você se sentir emocionalmente estável neste momento em que muita gente já praticamente abandonou o isolamento apesar das 50 mil mortes e mais de 1 milhão de infectados. É preciso se fortalecer e saber que não estamos sós, então, saiba: eu estou mantendo o isolamento assim como você.

Hoje está sendo um dia especialmente difícil porque passaram fotos inacreditáveis na minha timeline. Tinha foto de gente na praia, pessoas viajando, praças lotadas com gente sem máscara e pessoas frequentando salão de beleza. Parece que a pandemia acabou e só eu esqueci de sair de casa. Tem uma festa rolando aqui perto com direito a karaokê. Chega a ser triste e patético. A festa da estupidez.

Mas, nós estamos firmes. Sabemos que os números não são bons. Vemos todos os dias médicos dizendo que não é o momento de relaxar. Não existe evidência científica que justifique o afrouxamento. Estamos fazendo o certo. Estamos sendo fiéis ao nosso pacto social. Estamos sendo responsáveis. Estamos, principalmente, respeitando as 50 mil famílias que perderam seus entes queridos.

Eu só queria mesmo que você soubesse que você não está só. Você não é trouxa. Você não está exagerando. Você e eu estamos sendo responsáveis e respeitosos. Força pra você. Força pra mim. Sigamos!


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Triste Destino

Por Antonio Siqueira




FOTO: JOÃO TZANNO/UNSPLASH


















Infelizmente, a óbvia tentativa de manipulação dos dados sobre a pandemia faz parte de um esforço maior de falsificação nas mais diversas frentes e junto aos mais diversos aliados. Foi mais fácil tentar colar a ideia de que o número de mortes causadas pela covid-19 no Brasil estaria manipulado pelos governadores depois que fábricas de fake news disseminaram via redes sociais o boato de que caixões vazios estariam sendo enterrados em Manaus ou que médicos estariam classificando sistematicamente como vítimas de covid-19 pacientes que morreram por outras causas.

Além de negar a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro quer esconder os balanços de mortos, contaminados e recuperados, achincalhando o Ministério da Saúde. Demitiu um ministro, expeliu outro, nomeou um general intendente como interino, descartou o isolamento, empurrou a cloroquina garganta abaixo de médicos e especialistas e agora isso: sonegar os números.

Pois vamos a eles: são mais de 35 mil mortos (35 mil!) e quase 650 mil contaminados (650 mil!), numa expansão macabra, fora de controle. O presidente dá de ombros para os mortos – “E daí?” – e os governadores relaxam atabalhoadamente o isolamento para abrir lojas e serviços na pior hora. Logo, vai piorar.

Por outro lado, destacamos o exemplo uruguaio. Por que não se divulgou mais a maneira tão eficiente como o Uruguai tem lutado contra o coronavírus? A verdade é que se trata de um pequeno país, de apenas três milhões e meio de habitantes, rodeado por vizinhos tão enormes quanto o Brasil e a Argentina. Mas esses dois gigantes teriam se saído muito melhor se, em vez de fazer o que fizeram para deter (ou incentivar, como seria melhor dito no caso brasileiro) a pandemia, tivessem seguido o exemplo uruguaio. Luis Lacalle Pou, o novo presidente do Uruguai, acabava de assumir o poder após derrotar a esquerdista Frente Ampla, que havia acumulado 15 anos de governo, com erros notáveis em política econômica, mas respeitando a liberdade de expressão e as eleições livres. Na terça-feira 13 de março, conheceram-se os primeiros casos confirmados de coronavírus no país

Enfrentando as pressões da oposição de esquerda, e inclusive de sua própria aliança entre o Partido Nacional (ou Branco) e o Partido Colorado, Lacalle Pou se negou a impor uma quarentena, como fizeram tantos países do mundo. Apelou à responsabilidade dos cidadãos e declarou que ninguém que quisesse às ruas ou continuar trabalhando seria impedido, multado ou detido, e que não haveria aumento de impostos porque as empresas privadas desempenhariam um papel central na recuperação econômica do país após a catástrofe. Somente seriam suspensas as aulas dos colégios e haveria fechamento temporário das fronteiras. No Uruguai em decorrência da praga são 23, os contagiados são 826 e os recuperados, 689. É difícil imaginar um balanço menos trágico. Deve-se este êxito ao povo uruguaio e a mais ninguém.

Senão bastasse a pandemia, temos o chavismo’ de Bolsonaro e o risco das milícias armadas no Brasil. Notícias falsas, negacionoismo, ignorância e crueldade. Por último, temos o presidente assumindo publicamente no vídeo da fatídica reunião ministerial que a conversa de armas para defesa da família e propriedades não passava de fachada, já que sua intenção de “escancarar a questão do armamento” é para que seus apoiadores possam pressionar (armados) todos que fazem críticas ao seu Governo. Tudo isso em cima de quase 36.000 cadáveres, sem máscara, sem anestesia, se ascepcia, coçando o nariz e apertando mãos ao sabor dos ventos. Triste destino, Brasil!


domingo, 7 de junho de 2020

Covid-19: nem todos os pacientes com os pulmões seriamente comprometidos sentem falta de ar

A culpa são de pequenos coágulos que o vírus cria. O ar entra e sai normalmente do pulmão, mas o oxigênio não chega onde precisa chegar.

Por Maria Clara Rossini


 MR.Cole_Photographer/Getty Images


















Alguns pacientes graves de Covid-19 não sentem falta de ar, mesmo quando os níveis de oxigênio no sangue já estão bem baixos. Isso faz com que a doença passe despercebida no início – e quando o paciente chega no hospital, a situação está tão crítica que ele logo precisa ser entubado.

Esses não são todos os casos – afinal de contas, estima-se que 80% dos infectados pelo coronavírus tenham sintomas leves ou não apresentem sintoma nenhum. Mas a frequência com que esses quadros se repetem preocupam os médicos. Mesmo se existissem respiradores suficientes para internar quem precisa, o entubamento é um processo de risco que nem sempre consegue salvar o paciente.

Uma das hipóteses que explica esse comportamento estranho no corpo é a formação de coágulos nos pulmões. O sangue forma pequenos sólidos que servem como “tampão” quando algum vaso sanguíneo é rompido. Isso geralmente ajuda a estancar sangramentos, mas ele também pode causar trombose, que é quando esses coágulos bloqueiam o fluxo do sangue pelos vasos.

No caso da Covid-19, cada vez mais estudos mostram que a doença pode causar esses trombos em pacientes que evoluem para quadros mais graves. Isso explicaria por que a pessoa não sente falta de ar, mesmo já estando com níveis baixos de oxigênio: o ar entra e sai normalmente do pulmão, mas o oxigênio não chega onde precisa chegar, por conta da falta de irrigação.

Esses pequenos coágulos também ficam entre os alvéolos pulmonares e os vasos sanguíneos. Os alvéolos são “saquinhos” para onde vai o ar que você respira. Lá é justamente onde o pulmão pega o oxigênio do ar e passa pro sangue. Com o “bloqueio” no meio, menos oxigênio entra no sangue, causando o que os médicos chamam de “baixa saturação” (sangue que carrega menos oxigênio do que deveria).

De quebra, isso explicaria os sintomas dermatológicos da doença, os famosos “dedos de covid” (mas que também podem se manifestar em outras áreas do corpo). Com a irrigação sanguínea obstruída, os dedos adquirem um tom avermelhado ou roxo, como tem sido observado em pacientes.


Diferente dos outros coronavírus

A pneumologista Elnara Negri é pesquisadora da Universidade de São Paulo e atua no Hospital Sírio-Libanês e Hospital das Clínicas. Ela percebeu algo estranho quando entubou um paciente com Covid-19, no final de março. O pulmão dele parecia estar funcionando normalmente, bem flexível, o que é incomum para um quadro de desconforto respiratório agudo.

Tanto a SARS quando a MERS, duas outras doenças graves causadas por coronavírus, provocam uma inflamação no pulmão. Os alvéolos se enchem de células mortas e pus, deixando o pulmão mais rígido. Assim, fica difícil fazer a ventilação por meio dos respiradores, porque o pulmão está duro demais para fazer o movimento.

Não foi o que a médica percebeu com o novo coronavírus. Ela entrou em contato com outros pesquisadores da USP, Paulo Saldiva e Marisa Dolhnikoff, que estavam fazendo autópsia dos pulmões de pessoas que morreram pela Covid-19. Eles perceberam focos de hemorragia em vasos sanguíneos do pulmão – que estavam relacionados aos microtrombos que mencionamos antes. O artigo com a análise das autópsias foi revisado por pares e aceito para publicação no Journal of Thrombosis and Haemostasis.

A pergunta que resta é por que o coronavírus causa esses coágulos. Segundo Negri, o vírus entra pelo sistema respiratório e destrói as células que revestem os alvéolos e os brônquios. É como se eles ficassem em carne viva, e isso atrai a atenção do corpo para aquela região. Lá é liberada uma substância chamada fator tecidual, o que ativa a coagulação no pulmão. O mesmo acontece quando você se corta e o corpo manda as substâncias para estancar o sangramento e formar aquela “casquinha” na pele. Mas ativação da coagulação nos pulmões forma trombos que obstruem os pequenos vasos sanguíneos do órgão e causam todas aquelas complicações.

A inflamação e acúmulo de células mortas no pulmão – quadro típico da SARS e MERS – também pode acontecer com a Covid-19, se ela evoluir para os estágios mais graves. “Isso pode acontecer nas fases finais da doença se o processo trombótico não for contido no início. Inicialmente observa-se menos inflamação dentro do alvéolo e mais trombose nos vasos pulmonares. Se ela não for freada, ocorre necrose tecidual, inflamação, infecção bacteriana secundária e evolução para a síndrome respiratória aguda”, diz Elnara Negri.


Tratamento

Bom, ainda não sabemos como curar a Covid-19, mas a ciência já sabe tratar coágulos há décadas. A pneumologista está participando de estudos com o medicamento heparina, que desfaz os trombos no sangue e desentope os vasos. As primeiras experiências com 27 pacientes graves do Hospital Sírio-Libanês foram descritas em um artigo que aguarda a revisão por pares. Os casos tratados com o anticoagulante se recuperam entre 10 e 14 dias de internação, enquanto outros casos graves de Covid-19 precisam de, em média, 28 dias no respirador. Em um cenário com recursos escassos, diminuir o tempo de internação é essencial para poder administrar melhor os leitos hospitalares.

A equipe de pesquisadores irá fazer estudos amplos, controlados e randomizados com a heparina, em parceria com a Universidade de Toronto e Universidade de Amsterdã. Além disso, eles também estão estudando dados de 200 pacientes já tratados no Hospital Sírio-Libanês, que serão compilados em um artigo.

Por enquanto, a maior parte dos hospitais e UTIs já utiliza o medicamento em pacientes com baixa saturação de oxigênio. A médica defende que é importante iniciar o tratamento com a medicação assim que for detectado o baixo nível de oxigênio no sangue, para evitar as complicações que falamos aqui no texto. O médico deve determinar a dose adequada para cada paciente. Sempre é bom lembrar que a automedicação para tratar a Covid-19 pode levar a complicações graves. No caso da heparina, a dose errada pode causar hemorragia.

Não sabemos se os coágulos são os únicos responsáveis pelo agravamento da doença. Segundo a médica, de 10% a 15% dos pacientes evoluem para o quadro de hipercoagulação. São esses que podem precisar de oxigenação e ventilação mecânica.

O quadro provocado pela Covid-19 é complexo e envolve diversos fatores biológicos, como predisposição genética e comorbidades. A maior parte dos pacientes com trombose tratados por Negri tinham obesidade ou diabetes, mas o quadro também foi observado em pessoas sem comorbidades. Com cada vez mais estudos voltados ao aspecto trombótico da Covid, a nova linha de pesquisa pode mudar a maneira como tratamos a doença.


domingo, 3 de março de 2019

Olavo de Carvalho foi apanhado na malha fina do fisco nos EUA

Por Antonio Siqueira




vaquinha suspeita
















O escritor, pseudofilósofo e escroque oportunista, Olavo de Carvalho lançou uma campanha nas redes sociais na sexta-feira para levantar recursos junto a amigos e apoiadores. Pouco depois de Olavo fazer a postagem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP e sem mais o que fazer, além de tuitar sandices) compartilhou o post do escritor e pediu apoio à campanha, destinada a tirar Olavo de Carvalho de uma pindaíba financeira tão radical quanto suas declarações e vociferações fascistas. O homem forte, ferramenta principal do bilionário e marquetista extremista reacionário, Steve Bannon e guru de Bolsonaro, apela para caridade.


O post de caritas
























Em post no Facebook, Olavo, que vive em verdadeira penúria nos Estados Unidos, afirmou que recebeu uma cobrança de despesas médicas e de impostos. O valor, segundo ele, se somaria ao que ele chamou de rede de caluniadores e difamadores que o processam por suas declarações polêmicas.
 “Acossados por uma rede internacional de caluniadores e difamadores, recebemos ainda uma cobrança monstruosa de despesas médicas e impostos, e vamos precisar desesperadamente da ajuda dos nossos amigos”, escreveu Olavo, delirante como de costume. Convenhamos: esta 'vaquinha' é muito suspeita






Em troca, ele oferece livros autografados e profunda gratidão aos que colaborarem. Cestas básicas também serão bem vindas. Entretanto, piadas à parte; o contrassenso desta notícia é que Olavo é capitalista demais para urgir um apelo tão rotundo em busca de  uma "social democracia" tão a quem de suas ideias, digamos, por demais mentecaptas.