terça-feira, 24 de março de 2015

É preciso assassinar 1964

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


NÃO!!!

















Ninguém é eternamente responsável por aquilo que cativa, como quiseram e ainda querem ensinar aos pequenos. Da mesma forma, ninguém pode ser punido eternamente por um mesmo erro. As penas devem ser cumpridas integralmente, e ponto final. Depois do cumprimento, o que deve ficar é liberdade. Da mesma forma, quem nunca foi punido por seus tropeços nunca terá a absolvição – seja de si próprio ou da sociedade.

A Lei da Anistia brasileira é um bom exemplo disso. O que aconteceu durante o período do governo militar, marcado por forte repressão, prisões arbitrárias, torturas e assassinatos, nunca foi investigado adequadamente pelo poder público. Somente agora, com o instituto da Comissão da Verdade, é que o assunto vem à tona de forma efetiva.

Os defensores da lei afirmam que não há motivo nenhum para abrir investigação em relação aos crimes das Forças Armadas naquele período. É como se a legislação já tivesse caráter punitivo. Mas a única “punição” que os agentes da ditadura tiveram até o momento foi o esquecimento. Esse mesmo contra qual a Comissão da Verdade luta bravamente.

Trata-se de um trabalho de reconstituição de uma memória triste e dolorida. Muito já se perdeu pelo tempo, ficou trancado no sofrimento silencioso dos sobreviventes da época, que, agora, buscam uma sinalização de reparação. Não é apenas uma questão financeira, aliás, é muito mais do que isso, trata-se de devolver a dignidade a cidadãos brasileiros que foram condenados à morte e sentenciados à tortura sem nenhum julgamento. Seus destinos foram decididos pela vontade dos agentes da ditadura – senhores e donos do poder.

A realidade é que essa triste passagem da história do Brasil ainda é um ponto obscuro e, à medida que aqueles sobreviventes envelhecem e morrem, mais oculto ficará. Talvez essa obscuridade seja o motivo pelo qual, com tanta facilidade, brasileiros ainda vão para as ruas pedir intervenção militar. Os jovens, certamente, não têm memória. Também não aprenderam na escola nada sobre o golpe militar e suas consequências. Até há bem pouco tempo, o golpe era tratado como Revolução de 1964 nos livros didáticos; Ridículo.


Esqueceram a carnificina de 1964

Agora, fica uma pergunta. Se os jovens não sabem o que aconteceu, os brasileiros com cerca de 50 anos ou mais – muitos deles estão nas ruas, clamando, irracionalmente, pela intervenção militar – se esqueceram de tudo aquilo? Por que esses mesmos brasileiros cinquentenários , atualmente, senhores e senhoras defendem algo que fez tão mal ao país quando jovens eram? Onde eles estavam? Ou, talvez, o que fazem hoje que os leva a pedir ditadura militar?

Todos têm que ir para as ruas quando insatisfeitos. Protestar é ato democrático. Protestar para acabar com a democracia é o quê mesmo?





Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento Cantam "Cálice" de Gilberto Gil





sábado, 14 de março de 2015

Quem financia os meninos do golpe?

Corporação petroleira norte-americana que ataca direitos indígenas, depreda o ambiente e tem interesse óbvio em atingir a Petrobras é uma das financiadoras dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff. Manifestação do dia 15 não é apenas uma nova tentativa de 3º turno; ela esconde uma grande negociata. “Business as usual”.

“Estudantes pela Liberdade”
(EPL) são financiados por corporação petroleira
 norte-americana que ataca direitos indígenas,
depreda ambiente e tem interesse óbvio em atingir a Petrobras


























Por Antonio Carlos Costa - Do Rio de Janeiro
(Transcrito do site Pragmatismo)




David Koch se divertia dizendo que fazia parte “da maior companhia da qual você nunca ouviu falar”. Um dos poderosos irmãos Koch, donos da segunda maior empresa privada dos Estados Unidos com um ingresso anual de 115 bilhões de dólares, eles só se tornaram conhecidos por suas maldosas operações no cenário político do país.

Se esses poderosos personagens são desconhecidos nos Estados Unidos, o que se dirá no Brasil? No entanto eles estão diretamente envolvidos nas convocações para o protesto do dia 15 de março pela deposição da presidenta Dilma.

Segundo a Folha de São Paulo o “Movimento Brasil Livre”, uma organização virtual, é o principal grupo convocador do protesto. A página do movimento dá os nomes de seus colunistas e coordenadores nos Estados. Segundo o The Economist, o grupo foi “fundado no último ano para promover as respostas do livre mercado para os problemas do país”.


Os poderosos irmãos Koch

Entre os “colunistas” do MBL estão Fabio Ostermann, que é coordenador do mesmo movimento no Rio Grande do Sul, fiscal do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e diretor executivo do Instituto Ordem Livre, co-fundador da rede Estudantes Pela Liberdade (EPL), tendo sido o primeiro presidente de seu Conselho Consultivo, e atualmente, Diretor de Relações Institucionais do Instituto Liberal (IL). Outros participantes são Rafael Bolsoni do Partido Novo e do EPL; Juliano Torres que se define como empreendedor intelectual, do Partido Novo, do Partido Libertários, e do EPL.

Segundo o perfil de Torres no Linkedin, sua formação acadêmica foi no Atlas Leadership Academy. Outro integrante com essa formação é Fábio Osterman, que participou também do Koch Summer Fellow no Institute for Humane Studies.

A Oscip Estudantes pela Liberdade é a filial brasileira do Students for Liberty, uma organização financiada pelos irmãos Koch para convencer o mundo estudantil da justeza de suas gananciosas propostas. O presidente do Conselho Executivo é Rafael Rota Dal Molin, que além de ser da Universidade de Santa Maria, é oficial de material bélico (2º tenente QMB) na guarnição local.

Outras das frentes dos irmãos Koch são a Atlas Economic Research Foundation, que patrocina a Leadership Academy, e o Institute for Humane Studies, às quais os integrantes do MBL estão ligados.

Entre as atividades danosas dos irmão encontra-se o roubo de 5 milhões de barris de petróleo em uma reserva indígena (que acarretou uma multa de 25 milhões de dólares do governo americano) e outra multa de 1,5 milhões de dólares pela interferência em eleições na Califórnia. O Greenpeace considera os irmãos opositores destacados da luta contra as mudanças climáticas. Os Koch foram multados em 30 milhões de dólares em 300 vazamentos de óleo.

As Koch Industries têm suas principais atividades ligadas à exploração de óleo e gás, oleodutos, refinação e produção de produtos químicos derivados e fertilizantes. Com esse leque de atividades não é difícil imaginar o seu interesse no Brasil — a Petrobras é claro. Seus apaniguados não escondem esse fato.

O MBL, que surgiu em apoio à campanha de Aécio Neves, não esconde o que pretende com a manifestação: “O principal objetivo do movimento, no momento, é derrubar o PT, a maior nêmesis da liberdade e da democracia que assombra o nosso país” disseram Kim Kataguiri e Renan Santos em um gongórico e pretensioso artigo na Folha de S.Paulo. Eles não querem ser confundidos com PSDB, que identificam com o outro movimento: “os caras do Vem Pra Rua são mais velhos, mais ricos e têm o PSDB por trás” diz Renan Santos. “Eles vão pro protesto sem pedir impeachment. É como fumar maconha sem tragar”. Kataguiri não se incomoda que seja o PMDB a ascender ao poder: “O PMDB é corrupto, mas o PT é totalitário”. Mas Pedro Mercante Souto, outro dos porta-vozes do MBL, foi candidato a deputado federal no Rio de Janeiro pelo PSDB (com apenas 0,10% dos votos não se elegeu).

Apesar do distanciamento do PSDB a manifestação do dia 15 parece ser apenas uma nova tentativa de 3º turno, mas como vimos ela esconde uma grande negociata. “Business as usual”.
OBS: O elo principal do EPL no Brasil, como diz o próprio nome, é uma ‘meninada’. A liderança do movimento no Brasil é Hélio Beltrão Filho, fundador, presidente, patrocinador do Instituto Mises Brasil e irmão da apresentadora do Estudio I da Globo News, Maria Beltrão, também um afiliado do Mises Institute dos EUA, e que fornece o material e treinamento a centenas de jovens que difundem as páginas do site nas redes sociais.




Hélio Beltrão Filho, com a irmã Graziella. Personagens constantes das colunas sociais



















Os jovens vão a campo com um discurso pronto, praticamente um script de telemarketing. O Hélio foi investment banker do Banco Garantia, que fez a fortuna do Jorge Paulo Lemann, que ele vendeu para o Credit Suisse. Ele é sócio-herdeiro do Grupo Ultra, o mesmo Grupo Ultra que apoiou financeira e logisticamente, com os caminhões da Ultra-Gas, o golpe de 64 e mais tarde a Operação Bandeirante (Oban). Na época o presidente do Grupo era Henning Boilensen, que fazia o fundraising na FIESP para o regime militar. Em troca, o governo lhe pagava adiantado aquilo que ele comprava e fornecia a prazo. Ou seja, ganhava com o giro negativo.



Veja abaixo Koch Brothers Exposed, documentário lançado em 2012 que se tornou viral nos EUA ao mostrar como os bilionários David e Charles Koch, representando o 1%, desvirtuaram a democracia americana, comprando a Câmara e o Senado.






*Antônio Carlos Costa - Teólogo calvinista e fundador do Rio de Paz (Filiado ao DPI da ONU)


sábado, 7 de março de 2015

Afagando a POBREZA e dela nutrindo-se de BILHÕES

Por Antonio Siqueira Do Rio de Janeiro




Desigualdade 
















Desde os tempos de Getúlio Vargas nada produz melhor dividendo político do que rotular-se defensor dos pobres. É um discurso que agrada pobres e ricos. Tanto isso é verdade que o PT, em seus anos de credibilidade, enquanto distante das decisões administrativas e dos recursos públicos, era o partido campeão de votos nos bairros mais aristocráticos de Porto Alegre.

Lula, no entanto, precisa dizer o contrário. Ele e seu partido, não se contentam com propagandear o zelo pelos mais necessitados. Eles precisam, também, repetir à exaustão que os ricos ficam contrariados com isso. Falam, Lula e os seus, como se rico fosse idiota e não soubesse, na experiência própria e na internacional, que nada ajuda mais a prosperidade dos ricos do que a prosperidade de todos. É mais riqueza gerada, mais PIB, mais mercado, mais consumo, maior competitividade. Pobreza é atraso e culto à pobreza deveria ser catalogado como conduta antissocial.

A sedução produzida pelo discurso em favor dos pobres se abastece das próprias palavras. Fala-se no Brasil de uma estranha ascensão social em que o número de dependentes do socorro direto do governo aumenta indefinidamente através das décadas. O bolsa-família é um campo de concentração de ingresso voluntário, onde quem entra não sai nem que a vaca tussa. E o seguro-desemprego tornou-se o amigo número um da rotatividade no emprego, desestimulando a permanência no trabalho remunerado. Enquanto isso, o sistema educacional das classes favorecidas no discurso e desfavorecidas nas ações de governo continua reproduzindo a miséria nas salas de aula que o Brasil destina às suas populações carentes.

Enquanto isso, em dez anos de governo dos que supostamente privilegiam a pobreza, o número de bilionários brasileiros pulou de seis para 63, regredindo para 54 com as marolinhas do ano passado. Nenhum crescimento semelhante ocorreu, no mundo, durante esse período. E aí, amigos, deem-se vivas não a um desenvolvimento harmônico da sociedade, mas ao BNDES e seus juros de pai para filho, subsidiados com o suor do nosso rosto.

Voto de Cabresto: Uma maldição!

De 2009 para cá, o banco passou a esguichar dinheiro grosso para a zelite das empresas nacionais. Só do Tesouro Nacional, R$ 360 bilhões foram repassados ao banco para acelerar o desenvolvimento de empresas amigas do governo, muitas das quais com credibilidade semelhante à do próprio governo. Não vou falar dos financiamentos negociados através do itinerante ex-presidente Lula em suas agendas comerciais com ditadores latino-americanos e africanos, porque essa é uma outra história.



Bilhões foram pelo ralo das análises mal feitas e dos negócios mal explicados. Há um clamor nacional pela CPI do BNDES. O governo que diz zelar pelos pobres (mas que precisa deles em sua pobreza) destinou muito mais recursos aos bilionários (porque precisa deles em sua riqueza). Afinal, ninguém tira centenas de milhões de reais do próprio bolso para custear campanhas eleitorais. Esse é o tipo de coisa que só se faz com o dinheiro alheio, vale dizer, com o nosso próprio dinheiro, devidamente levado pelo fisco e, depois, lavado pelo governo nas lavanderias dos negócios públicos.