sexta-feira, 15 de julho de 2011

Em 100 anos não houve um só dia sem guerras...

O mundo é muito mais complicado
do que pensamos

Por Antonio Siqueira
Do Rio de Janeiro




     Durante os séculos XX e XXI não houve sequer um dia sem guerras. Ao constatar isso, depois de meses lendo e relendo livros, artigos, depoimentos e relatórios de diversos autores e pesquisadores chega ser assustador, não? Do ponto de vista técnico, diversos setores da comunidade internacional, trabalham em estatísticas palpáveis, obviamente. Existem no planeta, nesse momento em que o prezado leitor sorve seu café matinal, 15 guerras declaradas e 125 conflitos armados, segundo a UNESCO e o Instituto Heidelberg para o Estudo de Conflitos Violentos. Na categoria ‘conflitos’ entram desde disputas com violência latente entre países que dividem fronteiras até àqueles nas quais a matança é comum.

     Segundo Ekaterina Stepanova, autora de "Terrorismo em conflitos assimétricos", um conflito se eleva à categoria de guerra se há mais de mil mortes de combatentes em um ano. Civis atingidos apenas de um lado não entram na contagem. Mas sabemos que a guerra não é um privilégio de exércitos e governos tiranos. Morre-se um pouco a cada dia. Todos nós morremos um pouco, quando as Torres Gêmeas vieram abaixo, e todos nós morremos quase diariamente com os que tombam e tombaram, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão, na Costa do Marfim, no Realengo, em Eldorado dos Carajás, na Candelária e nas favelas brasileiras.

     O que dizer dos combates em comunidades dominadas pelo poder paralelo do narcotráfico em todo o complexo urbano do Rio de Janeiro, por exemplo?

     No Brasil assistimos a um verdadeiro genocídio moral e social, perenizado pela incompetência e incapacidade institucional, agravado pelo monstro corrupto que criamos, pela ganância empresarial e pelo desprezo educacional que visa uma política sócio-cultural segregacionista e excludente. O Governo brasileiro investe enormemente no combate ao tráfico de drogas e em segurança publica em geral. A experiência demonstra que a repressão não resolve o problema, que é de outra natureza. Os ingleses, em nome da liberdade de mercado, moveram uma guerra contra a China, a fim de disseminar o consumo do ópio, e, buscando o lucro, transformaram a droga em commodity, como outra qualquer. O tráfico de cocaína serviu para que os Estados Unidos financiassem os contra-revolucionários da Nicarágua, conforme o grande escândalo conhecido como Irangate. A recente globalização da economia mundial – somada às frustrações – intensificou o tráfico da cocaína, da heroína, do crack e da maconha. Ninguém é inocente, porém, o que mais destroça os nervos é o numero de crianças que morrem nessas batalhas – e não só pelas balas perdidas. Morrem pouco a pouco. Perdem pedaços de suas vidas, como se perdessem dedos, mãos ou braços. As escolas não funcionam como deviam e em certas favelas, alunos morrem de disenteria, de doenças respiratórias, de infecções vulgares - em índices que se comparam às mais atrasadas aldeias africanas. Ano passado, no Morro do Alemão foram perdidos cinco meses de aulas durante a invasão da polícia. O maior prejuízo é a neurose de guerra que acomete os adultos e, principalmente, todas as crianças, em maior ou menor grau.

     É claro e evidente que medidas preventivas nos setores de segurança pública, devem ser tomadas; porém relegar a educação a um plano inferior de investimentos seria uma grande burrice, se não vivêssemos numa sociedade mal intencionada e quase que totalmente voltada às minorias de vampiros dominantes. Isso gera o fenômeno absurdamente agressivo do ISOLAMENTO. Acabamos mergulhados na mediocridade, não obstante, numa guerra sem trégua contra nós mesmos. Tornamo-nos promíscuos demais, absurdos demais e patéticos demais. Escravos de uma mídia maníaca e teatralizada. A internet que deveria ser uma preciosa ferramenta de informação transformou-se numa grande vitrine de futilidades e inconveniências. Pessoas se abandonaram; exilaram-se no seu próprio ostracismo ideológico... Não há mais tolerância e a dádiva das paixões sucumbiu ao materialismo insano. E a pobreza, a miséria? Onde ficam?

      Combater a fome é nobre, sim. Alimentar a quem tem fome é ato da maior grandeza que se pode imaginar. Só que a idéia de Betinho não era para servir a interesses político-eleitoreiros. Só quem olhou nos olhos de Herbert de Souza, pôde vislumbrar o que é ter um encontro com o bem, com o melhor do ser humano. Só que o Betinho sempre inseriu em seus discursos ou manifestações as palavras: Educação e Capacitação Profissional. Sempre se referindo não só ao povo brasileiro, mas ao mundo em geral. O pior dos desastres ecológicos é a miséria humana. É através deste portal escancarado que as maiores guerras, conflitos e genocídios se estabelecem. O mundo não precisava ser um paraíso. Esse conceito não é utópico, é fabulesco. Se o mundo em que vivemos fosse justo o bastante para que todos pudessem prover seu sustento e, conseqüentemente, um pouco de paz, viver seria bem mais suportável.



Antonio Siqueira é articulista, musico, critico de arte e esperançoso.

Abrindo os trabalhos escribais...com vocês: "Politica e Afins"

O que é Globalização?
Por Luís Junior
De São Paulo


      A geração dos anos 90 cresceu ouvindo coisas do tipo “aldeia global”, “fim das fronteiras” e etc. Ao tomarmos conhecimento do termo “globalização”, imediatamente nos empurram conceitos pré-fabricados e passamos a acreditar nas maravilhas de uma sociedade global.

      Com o advento da Internet então, tudo ficou mais fácil. A comunicação com os outros povos é instantânea, e parece mesmo que as distancias e as fronteiras realmente não existem mais. Ledo engano. Elas estão cada vez mais sólidas e intransponíveis. É fato que o Oriente, por exemplo, vem perdendo suas fronteiras: Os termos yin e yang chegaram a ser moda nos EUA, e na China, bebe-se Coca-Cola às refeições, entre outros.

      Mas então isso é a tal globalização? Perder suas identidades e adquirir as identidades alheias?

      Quando aos domingos vamos ao “Mc Donald´s” comer “hambúrguer” ou vamos ao “shopping” assistir ao ultimo lançamento de “Hollywood” e adolescentes voltam apaixonadas por Leonardo di Caprio ou por Tom Cruise, estamos fazendo parte da aldeia global?


      Provavelmente sim, afinal o mundo age dentro do mesmo padrão e têm as mesmas preferências. Somos cidadãos do Mundo quando ouvimos as Spice Girls e os Back Street Boys da vida, mas sequer ouvimos falar em Pixinguinha. Que brasileiro conhece a obra de Villa-Lobos? Então globalizar é sinônimo de aculturar? Ou será que a aldeia global tem sua própria cultura?

      A cultura pasteurizada. O que agrada os colombianos?

      Certamente, todos adoraram Titanic. A cultura norte americana esta disponível nos quatro cantos do planeta, mas será que os nova-iorquinos comem acarajé aos domingos? Imaginem se o Barack Obama arma fogueira em frente a Casa Branca, assa milho e organiza quadrilha de São João. Mas nós comemoramos o Halloween.

      Estamos diante de uma globalização unilateral que não aproxima os povos, mas os distancia. As desigualdades são gritantes e as fronteiras agora são abismos. Existe sim uma cultura homogeneizada que sufoca as produções regionais e individuais. Um país rico de cultura como o Brasil, por não sediar as grandes corporações, não consegue divulgar a sua diversidade ao mundo, salvo em alguns casos isolados nem mesmo aos próprios brasileiros. Você sai aos sábados à noite para dançar um xote ou um “tecno”?

      A cultura local está morrendo, dando lugar a uma espécie de “mcdonaldização” da cultura. Estamos vendo uma expansão da Disneylândia como espírito da cultura de massa em escala mundial. É difícil até distinguir cultura de entretenimento. Vê-se, portanto que globalização é uma forma cruel de dominação e manipulação. É de fato o fim das fronteiras, mas somente para os estadunidenses, que enfrentam cada vez menos resistência para nos dominar. Essa dominação, a das mentes, é mais cruel e muito mais eficaz. Enquanto isso, quem tenta ultrapassar as fronteiras dos EUA, morre. Seja na terra ou no mar.