quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Arquivo Vivo

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Alberto Youssef, o doleiro suspeito no governo e na Petrobras 



















A verdade é essa. O inquérito relativo às denúncias sobre os desvios ocorridos na Petrobrás, elevados à categoria de os maiores escândalos na história da administração brasileira terá que prosseguir até o final. Não só em função da delação, até agora está abrangido o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e nela deseja ingressas o doleiro Alberto Youssef, mas sobretudo em decorrência da afirmação feita pela Presidente Dilma logo ao início do debate com o senador Aécio Neves, sexta-feira passada, na Rede Globo de Televisão.

 A presidente da República, inclusive, anunciou a intenção de mover processo judicial a revista Veja pela manchete na edição que circulou também sexta-feira, antes do debate, cuja primeira página divulga afirmação atribuída a Youssef. Ao anunciar sua decisão de ir à Justiça, Dilma Rousseff, no sentido de encontrar base para tal gesto, necessita, antes de tudo, dar curso à investigação. Simples em questão de lógica: somente na sequência da investigação encontrará a prova de que necessita para a ação com a qual se comprometeu diante do país.

 O debate, de acordo com dados divulgados, alcançou uma audiência de 30 pontos no seu desenrolar, atingindo assim aproximadamente 60 milhões de pessoas. O confronto, certamente, como é lógico, influiu nas intenções de voto. Mas não é esta a questão. O aspecto essencial trata-se do compromisso assumido pela chefe do Executivo de ir ao Judiciário em busca, segundo afirmou, da verdade. Ela não pode recuar da posição que assumiu.

O desenrolar do novo episódio vai depender, em primeiro lugar, da confirmação ou não do doleiro quanto à frase apresentada como dele, de que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma sabiam da trama que explodiu nas páginas da imprensa e nas telas da televisão. Sob o aspecto mais importante do tema, Alberto Youssef transforma-se de um dos personagens centrais do sinistro enredo, ao mesmo tempo, em testemunha de vital importância na ação anunciada ao país pela presidente da República. Uma negativa sua quanto à afirmação publicada detonará uma situação absolutamente desconfortável para o que foi publicado. Uma confirmação aprofundará uma crise institucional de que o governo terá de livrar-se quanto a seu envolvimento.

Assim, seja qual for o caminho que o processo seguirá, em ambas as hipóteses, torna-se automaticamente obrigatória a sequência das investigações, com as respectivas comprovações. Não há como escapar de tal dualidade. Ela torna-se predominante por si mesma. Inclusive porque a afirmação feita por Dilma Rousseff será cobrada como um compromisso público com a lei e com o comportamento ético, não só de um, mas de dois governos.

Será cobrado pela imprensa, pelas emissoras de TV, pelas redes sociais. Aliás por falar em redes sociais, devem elas funcionar dentro dos limites da lei, não espalhando boatos como o que se referia à morte de Youssef. Que, aliás, nesta altura do mistério, ele, na última semana, passou a ser o homem que sabia demais.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleição Presidencial Suspeita

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Charge_Bessinha
















Não há muito a dizer sobre a eleição de ontem, muito menos a comentar. Mas um cronista sempre arruma assunto.

Com os votos dados a Aécio Neves e Marina Silva, o primeiro turno revelara a existência de uma maioria silenciosa que não queria mais o PT no poder. O candidato do PSDB, Aécio Neves, teve 33,55% dos votos válidos, a representante do PSB chegou a 21,32%, perfazendo 54,87% de votos a esses dois candidatos de oposição, enquanto Dilma Rousseff recebeu 44,59%. Ficou claro que, se houvesse massiva transferência de votos de Marina para Aécio, a eleição ficaria dificílima para o PT.

Nunca se viu nada igual. De repente, por causa do horário de verão e da inexpressiva eleição no Acre, a apuração da eleição presidencial passou a ser feita de forma sigilosa, comandada pelo ministro Antonio Dias Toffoli, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Como se sabe, Dias Toffoli só chegou ao Supremo e ao TSE por ser petista, pois jamais foi aprovado em concurso para juiz de primeira instância, tendo sido reprovado em duas tentativas.

A apuração dos governadores transcorreu normalmente, mas esse surpreendente atraso da apuração do pleito presidencial é estranho e inexplicável, pois bastaria adiantar em duas horas a eleição no Acre e tudo ficaria normal. Mas o que esperar de uma Justiça Eleitoral comandada por um magistrado do porte de Dias Toffoli. Só se poderia esperar uma vergonha nacional.

domingo, 19 de outubro de 2014

Mais do Mesmo


A falta de decoro sempre dará as cartas
Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Comem no mesmo COXO


















Nesta ultima semana, a campanha presidencial descerá ainda mais.  Alcançará as profundezas. Os dois candidatos chegaram ao ponto em que recuar não dá mais. Mesmo se acontecesse o milagre de o bom senso atingi-los, não  perceberiam. Agressões e baixarias passaram a característica principal de suas intervenções, não apenas nos debates televisivos de péssima qualidade e pior  organização. Em suas viagens pelos estados, em discursos e entrevistas, dão a impressão de pensar menos no país do que em  desconstruir o adversário, sem nenhuma proposta de mudanças reais.   Pena que ninguém em suas assessorias tenha tido coragem de alertá-los para o ridículo que vem sendo as acusações de parte a parte. E  da distância que os separa das verdadeiras necessidades nacionais.

Importa menos saber quem apareceu  primeiro, se o ovo ou a galinha. Essa questão transcendental,  discutida por todo o  Império Romano  do Oriente,  foi responsável, em 1453, pela tomada de Constantinopla  pelos turcos, até hoje lá  estabelecidos,  apesar da mudança do nome: agora  é Istambul.

Dilma e  Aécio, tanto faz o vencedor, estarão à mercê de quantos exigem a extinção dessa arcaica civilização que imaginam manter e  garantir. Demonstram, com suas performances, o fim do período iniciado com a  queda da ditadura militar.  Esgotou-se  a  Nova República de que falava Tancredo Neves, avô de Aécio. O  eleito governará um país  inviável para os seus governantes. Se Dilma perder, ou   caso ela se reeleja, o resultado será o mesmo: uma população descrente,  desligada e infensa ao  poder publico  distorcido e inexoravelmente condenado à  rejeição.

O esgotamento das instituições vigentes marcará o governo de um dos candidatos, qualquer que seja. Claro que também por outros motivos, mas, em especial, porque como candidatos não conseguiram protelar a chegada dos turcos,  coisa que poderiam ter feito pela apresentação de propostas e projetos  capazes de desenhar um Brasil diferente.  Faltou-lhes coragem e, por isso, dedicaram-se a embates pueris e desligados das necessidades gerais,  imitando o avestruz com a cabeça enterrada na areia em meio à tempestade.

Desconheceram o sentido maior das mudanças políticas, econômicas, sociais que a nação anseia. A conseqüência é que os turcos promoverão essas mudanças, queira Deus que não passando  os bizantinos pela espada. No caso, os turcos somos nós, são a sociedade inteira, revoltada e esgotada pela sucessão de governos  sem condições de atentar para a  importância da promoção de ampla  reviravolta,  imprescindível à sobrevivência do conjunto.

Traduzindo esse  confuso e incompleto diagnóstico sobre o que nos espera: incapazes de perceber a nudez do rei, Dilma e Aécio dispõem-se a aplaudi-lo até que uma criança qualquer restabeleça a evidência da farsa em fase de desintegração. Numa palavra: não é esse o Brasil que os brasileiros desejam. Votarão majoritariamente  nela ou nele por mera obrigação legal,  mas estarão prontos a explodir as muralhas de uma civilização ultrapassada e esgotada pelos abusos e excessos do Legislativo e do Judiciário,sem falar no Executivo que almejam conduzir. Com Dilma ou Aécio, continuarão a corrupção, a impunidade, as injustiças, as benesses das elites e o sofrimento das massas. O engodo de instituições falidas está prestes a desaparecer sem deixar saudades.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A PT-ROUBRAS

Novas denuncias mostram que ainda há muita sujeira
por debaixo dos panos da Petrobras

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Paulo R  Costa com Gabrielli, Dilma e Lula no Planalto, em 2006




















A presidente Dilma Rousseff pode esbravejar à vontade, dizer que o vazamento de informações significa crime eleitoral, acusar que a Polícia Federal está aparelhada pelo PSDB, alegar que desde o governo FHC já havia irregularidades e corrupção, nada disso funciona. O que interessa é que as denúncias são verdadeiras e rastreáveis, conforme está ficando comprovado nos novos depoimentos dos dois principais implicados, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

É importante destacar que os dois estão sem comunicação entre si e suas novas declarações vêm sendo colhidas em separado. Mesmo assim, os Costa e Youssef têm falado exatamente a mesma coisa, com revelações coincidentes, em que citam os mesmos números e as mesmas autoridades envolvidas. É justamente essa similaridade de depoimentos que mostra estarem os dois falando a verdade, não há contradições e existem provas.

Começam a surgir novos nomes, as denúncias já envolvem o ex-diretor Renato Duque, que hoje é consultor de empresas fornecedoras da Petrobras, e o presidente eterno da Transpetro, Sérgio Machado (indicado em 2003 por Renan Calheiros e até hoje mantido no cargo).

Duque se diz revoltado com as acusações e mandou seus advogados entrarem na Justiça contra Paulo Roberto Costa no Juizado de Pequenas Causas, vejam só a que ponto chegamos, levando a corrupção a debate nesse tipo insignificante de tribunal.

É inevitável que as novas revelações venham a atingir o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, aquele que despachava com José Dirceu num quarto de hotel em Brasília, em pleno escândalo do mensalão.

Mas a ligação do então diretor Costa não era apenas com Gabrielli. Existe uma foto, muito reveladora, batida em 2006, quando Lula era presidente e Dilma estava na Casa Civil, em que o diretor Paulo Roberto Costa aparece em audiência com o chefe do governo, ao lado de Gabrielli. Essa ocasião é totalmente atípica no Planalto. Presidente da República não despacha com diretor de estatal, apenas com o dirigente máximo, que no caso era Gabrielli.

Uma das perguntas que ficam é a seguinte: “O que levaria um modesto diretor de Abastecimento da Petrobras ao Planalto?”

Outra pergunta: “Em seus dois mandatos, Lula recebeu algum outro diretor da Petrobras em audiência?”

E mais uma: “Será que desta vez Lula e Dilma serão envolvidos nas investigações, ou continuarão dizendo que não sabiam de nada”?

sábado, 11 de outubro de 2014

Os Absurdos - Parte I

Na Alemanha, para viajar com Lula 
em Lua de Mel, Rosemary teria de pagar caro, muito caro
Por Wálter Maierovitch
Portal Terra
Charge_Sponholz




















Para a mídia alemã não representa notícia de interesse público o fato de a chanceler Angela Merkel, chefe de governo, não dar carona ao marido em avião oficial. Por exemplo, Merkel passou a Páscoa na cidade italiana de Nápoles a fim de descansar.  O avião oficial que a transportava desembarcou na sexta-feira e o corpo de segurança alemão a acompanhou à residência que alugara com dinheiro próprio.

Cerca de quatro horas depois do desembarque de Merkel em Nápoles, chegou o seu marido. Estava programado que o casal passaria a Páscoa em Nápoles. O “maridão”, no entanto, pegou um vôo comercial Berlim-Roma e, na sequência, uma conexão para Nápoles.

Por que não pegou uma “carona” com a poderosa chanceler e esposa? A resposta é simples. A carona em vôo oficial, segundo a legislação alemã, é muito cara. Mais de dez vezes o preço de um bilhete aéreo comercial. Por isso, o casal Merkel viajou separado. Em outras palavras, para economizar. Assim, o varão viajou como um comum mortal que, temporariamente, é esposo da chefe de governo da Alemanha. A virago, de enormes responsabilidades institucionais, cumpriu a lei e fez economia doméstica.

Depois da Páscoa, um avião alemão oficial conduziu Merkel de volta a Berlim, sede do governo e sua cidade natal. O esposo da chanceler partiu em vôo de carreira, com conexão e passagem paga por ele próprio e não pelo cidadão alemão.

(No Brasil, o senador Eduardo Suplicy, depois de noticiado na imprensa, correu para devolver o valor de uma  passagem aérea que o seu gabinete, por sua ordem e numa relação privada, havia comprado para a namorada.)





NOTA DO BLOG Este artigo do prof.  Wálter Maierovitch, faz sucesso na internet, com as consequentes comparações com os últimos presidentes brasileiros. Como se sabe, além da presidente Dilma levar toda a família para viagens de férias e finais de semana prolongados no avião da presidência da República, ainda se hospeda em instalações militares com tudo pago pelos cofres públicos – para ela e a trupe que a acompanha. O então presidente Lula fazia pior. Além de levar toda a parentada, permitia que os filhos dessem caronas a amigos. Sem dizer que nas viagens ao exterior, quando a primeira-dama Marisa Letícia não o acompanhava, Lula fazia questão de levar a segunda-dama Rosemary Noronha para lhe fazer companhia. Foram viagens de lua-de-mel a bordo a 30 países, inteiramente pagas pelo contribuinte, e Rosemary ainda recebia pagamento de diárias, por estar em viagem oficial. Estas diferenças entre Brasil e Alemanha deveria ser mais divulgadas pela imprensa brasileira. São lições de ética e de defesa do interesse do poder público.

Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Os números do grande atoleiro ideológico eleitoral brasileiro

Por Antonio Siqueira Do Rio de Janeiro 

No próximo dia 26, os brasileiros vão novamente às urnas para eleger o presidente da República e os governadores de 13 estados e do Distrito Federal. Nessas unidades da federação, a eleição foi para o segundo turno e os partidos disputam voto a voto a oportunidade de ampliarem o número de governadores em seus quadros. Bem reparou, frisou e comentou com este escriba, o musico da Banda Black Dog, professor, cronista e meu amigo, Ives Pierini: "Antonio Siqueira, eu vejo os sobrenomes desses ladrões, me da a sensação de que vivemos em uma republica da hereditariedade, ou democracia genealógica....caralho netos e filhos das múmias de outrora fazendo carreira."Exatamente, Ives: De filho da puta PAI para filho da puta FILHO.


Confira os números do GRANDE DESERTO DE IDEIAS:


domingo, 5 de outubro de 2014

A Hora da Verdade

Por  Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Nos encontramos mergulhados num imenso deserto de ideias















É isso aí. Nesse início das eleições presidenciais, para os governos dos estados, parlamentares
federais e estaduais, estamos todos nós a pouco tempo de podermos conferir o que disseram o Datafolha e o Ibope e o que as urnas deste domingo vão revelar. Nos encontramos mergulhados em um grande deserto de ideias como bem bradou Osvaldo Aranha há quase um século, porém, se tratam de eleições e a partir deste pleito que as coisas andam ou desandam.

Não é possível dizer agora quem estará em um eventual segundo turno. O senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) têm, praticamente, as mesmas chances de estar presentes na segunda fase de votação, de acordo com as últimas pesquisas, considerando as margens de erros. Um deles deve disputar com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Ainda há um outro fator importante a considerar. O número de indecisos, ainda que não seja mais muito grande, aponta para a indefinição. Normalmente, os votos dos indecisos se distribuem nas mesmas proporções dos votos já definidos. Mas essa é apenas uma tendência. Não há como assegurar se essa distribuição assim será.

A última movimentação dos candidatos também poderá ser decisiva para as definições finais. Uma frase mal colocada, uma ação impensada podem derrotar ou alçar um candidato diante de uma disputa tão acirrada.


Mas tudo isso indica como o país está dividido. Não existe mais hegemonia de nenhum projeto. A insatisfação com o atual quadro é perceptível, mas não é majoritária. E mais grave do que a divisão das forças é a radicalização das posições. O Brasil vive um momento de ódio e amor. Os seguidores do governo federal, especialmente os petistas, e o grupo que reprova a administração federal – o antipetismo – não aliviam. Eles traçam um duelo aberto nas redes sociais, nas ruas, em suas casas e até mesmo em suas relações mais pessoais.

charge: newton silva
Há três meses, 75% dos brasileiros se diziam insatisfeitos com o país e exigiam mudanças urgentes, mas hoje, quando todos os indicadores econômicos, que já eram ruins, pioraram ainda mais, o desejo de mudança se transformou na liderança folgada dos situacionistas Dilma (PT), Alckmin (PSDB) e Pezão (PMDB). Vai entender. Será que eles mentiram aos pesquisadores? Ou eram felizes e não sabiam? Ou gostavam de sofrer? Ou o medo do desconhecido é maior que a esperança no futuro? Mas como mudar, se nenhum governante municipal, estadual ou federal jamais reconhece seus erros, atribuindo-os sempre a outros, a conspirações políticas ou a circunstâncias adversas?

Salvo um terremoto inesperado, estão fora do páreo aqueles que podem dizer todas as maravilhas que muitos de nós esperamos ouvir: que são a favor de salvar as vidas das mulheres que precisam abortar; que são absolutamente contrários à homofobia; que defendem o meio ambiente muito além da mera preservação das florestas; que não pagam de jeito nenhum a dívida que o governo contraiu com credores: os banqueiros que se virem…