domingo, 22 de janeiro de 2012

Sobre a mediocridade “global”


Abisaí Leite - do Rio de Janeiro    






















    

      Li um artigo do Veríssimo publicado há exatos onze meses e vinte e um dias, onde o ilustre cronista desferira um contundente e profundo corte na “agência global” ao criticar o formato do pornográfico e ignóbil BBB. Não por acaso, recebi um e-mail de um amigo não menos indignado e chateado que todos nós, apontando as mesmas preocupações apresentadas pelo autor naquela nota, que denunciara àquela altura os desmandos da emissora (rede Globo). Luis Fernando Veríssimo dizia que o famigerado programa vem invadindo a privacidade dos lares brasileiros, sem o menor cuidado quanto aos conteúdos de má qualidade e desprezo pelos incultos e desprovidos de maior inteligência, sem falar dos indivíduos fronteiriços e sem acesso aos meios mais qualificados em matérias e conteúdos midiáticos ou jornalísticos.

     Bem, passado esse ano (2011), adentramos dois mil e doze com nova edição do BBB, com “novos” personagens, o mesmo conteúdo, o mesmo formato, a mesma mediocridade, o mesmo apresentador e os mesmos requintes indutivos de manipulação da volitividade dos “pobres” telespectadores.  Pois é... Nada parece ter mudado na mentalidade daqueles que deveriam pautar suas vidas na produção cultural e na moldura dos alicerces da ética na condução do processo educativo e de consciência cidadã na sociedade brasileira, já que são os telespectadores quem financiam e “pagam” pelos “serviços” prestados pela mídia ao público que “compra” tudo o que é veiculado e propagandeado nas telas através de uma gigantesca “mala direta”[patrocinadores, lobistas, políticos, especuladores dos mercados financeiro e imobiliário _ afinal se trata de uma bela casa].

     Mas o que nos espanta e deveras intriga, é a falta de escrúpulos por parte destes signatários do império da indústria audiovisual. Na verdade o arbítrio exercido pelos proprietários da emissora nessa verdadeira rede de malfeitores alimenta uma secular plutocracia, interessados na manutenção dos privilégios de nossa elite. Indignamo-nos com o que explicita o deboche encarnado nas expressões faciais e nos gestos transmitidos pelos interlocutores que a cada dia se especializam na “arte da dissimulação” diante da desconfiança dos céticos e “desconfiados” como nós. Impossível não perceber a desfaçatez destes verdadeiros algozes de um povo já tão oprimido por uma existência iletrada e explorada ao extremo por séculos à fio.  Trata-se de uma nova maneira de mascarar a realidade e “esconder” o que está por trás dos esquemas que envolvem o processo seletivo para os candidatos a “heróis” no dizer do apresentador do programa, o senhor Pedro Bial.

     Não me espantaria (isto não!) se os mesmos agenciadores fossem flagrados com vultosas quantias em contas milionárias tentando burlar o fisco brasileiro. Ou quem sabe delitos envolvendo prostituição ou atividades tangentes, conforme revela o módus operandi das diligências policiais e de operadores do Direito Criminal que investigam quadrilhas de agenciadores de “modelos” que prestam  “serviços de acompanhantes” ao turismo sexual em exuberantes e suntuosos hotéis das grandes capitais.

     Resta então de nossa parte, manifestar veemente repúdio aos que desrespeitam os lares brasileiros e que ridicularizam de forma tão vil, a já tão carente sociedade, (sobretudo as nossas mulheres, já tão reificadas), empurrando goela abaixo todo esse lixo em forma de entretenimento, que em nada contribuirá para forjar a auto estima das novas gerações.


*Abisaí Leite é Professor de História, ativista apartidário e não tem interesses e plataformas politicas, pois se tivesse, aqui não estaria a escrever semanalmente

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Conexões: Guerra à guerra


Por Antonio Siqueira



A guerra - Pablo Picasso - 1952




     







     

      Picasso não foi apenas um inovador da pintura contemporânea. Seus quadros, como este que ilustra esta página, batizado de A Guerra, mostra todo o seu horror pelas hecatombes humanas. Sua visão humanística não considerava as guerras como inevitáveis. A Segunda Guerra Mundial resultou de terríveis contradições. Seu custo em vidas humanas foi muito alto e cidades inteiras desapareceram do mapa. Mais de setenta milhões de vidas foram ceifadas durante os bombardeios de centros populosos e interiores, a imensa maioria na Europa. Os campos de extermínio nazistas executaram industrialmente, seis milhões de judeus. Uma arma terrível – a bomba atômica – foi lançada pela primeira vez sobre duas cidades: Hiroxima e Nagasaki. Com a vitória das forças democráticas, mais a antiga União Soviética contra o totalitarismo fascista, a humanidade pensou que um novo mundo surgia sob o signo da paz... Ledo engano.

      Charles Darwin criou a Teoria da evolução, desacreditando as explicações religiosas sobre o surgimento da humanidade. Darwin não acreditava em Deus, mas a igreja interferiu em sua vida científica. Ele hesitou em publicar A Origem das Espécies, sua obra-prima sobre a evolução, por que não queria ofender a esposa, Emma, que, aliás, era prima de Darwin... Assim como Francis Galton, pensador brilhante fez grandes contribuições às diversas ciências, da estatística à criminologia. Ele também foi o primeiro a ver um significado político nas teorias do primo Darwin. Galton é o criador da eugenia, interpretação do darwinismo que prega ser possível acelerar a evolução – bastaria acabar com as pessoas menos inteligentes – Uma teoria infame que agradou muito a Adolf Hitler e, conseqüentemente, transformou-se na plataforma unilateral dos Nazistas. O nazismo é um “ensopado” indigesto e inconclusivo, uma farofada conceitual que mistura Bismark, Nietzsche, neopaganismo, eugenia, darwinismo social e, claro, anti-semitismo. Os nazistas não eram tão imbecis assim e queriam evitar um conflito direto com os EUA. Por isso, até 1941, diziam que os norte-americanos eram “gente fina”, mesmo havendo muitos judeus em sua população. Conversa que, evidentemente, não fazia nenhum sentido para o Japão Imperial. Aliado da Alemanha desde 1940, o Japão importou e adaptou os conceitos raciais nazistas. Porém, pegou mais pesado: Sua proposta era expulsar os exploradores brancos da Ásia e da Oceania. Em sete de dezembro de 1941, os nipônicos atacaram a base yanque de Pearl Harbor. Isso arrastou os EUA para a Segunda Guerra Mundial.

      O que mais assusta nestas conexões é que, independente destas mesmas terem provocado, de certa forma, um genocídio histórico sem precedentes; ainda mata-se e com muito mais regularidade do que nas duas grandes guerras do século XX e o século XXI ainda é o século dos grandes carniceiros; alguns ainda vivos outros mortos.  A dura realidade humana é que vivemos numa era de matanças sem limites. A ONU deveria representar o interesse de todos os povos em viver num mundo em paz, de compreensão e cooperação internacional. Porém, nunca passou de uma liga de Estados com interesses unilaterais e até coniventes com os desmandos internacionais.  Exemplos latentes como a ‘eterna’ tortura promovida por Israel à decapitada Palestina, as invasões do Iraque em 1992 e 2003 pela famigerada Bush Family, a ocupação do Afeganistão com pretexto de caçar terroristas financiados pelos próprios norte-americanos (estes mesmo, facilitaram e muito as ações de 11 de setembro de 2001 em seu próprio território com interesses que parecem absurdos, mas que coexistem com os fatos), os extermínios em massa de povos africanos e de inúmeros povoados balcânicos e, mais recentemente, a guerra dos cinco dias causada pela invasão da Rússia à sua antiga República separatista, Geórgia, onde cinco mil cidadãos foram mortos, torturados e desabrigados por mercenários cossacos e o atual Terrorismo de Estado em países como Líbia, Egito, Yemem e Síria relativos à Primavera Árabe nos dão à terrível estatística de cem anos de guerras promovidas por assassinos institucionais.

      A Nova Ordem Mundial insiste em sobreviver como um fantasma global e a provocar essa hecatombe social e civilizacional, onde teorias conspiratórias apenas funcionam como pavios tortos que explodem sempre para o lado mais fraco. A miséria se multiplica aos pés de uma globalização construída sobre os pilares da ignorância de um planeta ainda feudal e arcaico no sentido exato da compreensão, onde não cabem revoluções de ideais ou manifestações de descontentamento, pacíficas. O poder não emana do povo como sonharam os Iluministas, equivocados e guilhotinados e, no que concerne ao poder ocidental, apesar das aparentes boas intenções; só serviram de base para a grande desgraça mundial. É preciso que haja uma reflexão profunda que parta de alguma inteligência além deste mundo humano e apodrecido, que nutra com o mínimo de bom senso e arbítrio evolutivo os reais motivos de existirmos ainda... Antes que seja muito tarde, pois o tempo urge e a hora do acerto de contas com infinito se faz cada vez mais presente.


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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta Aberta de apresentação ao Blog "Politica & Afins"

Caríssimo Antônio e todos os queridos colaboradores do Politicas & Afins


Como bem sabes, ando assoberbado com as minhas atividades profissionais, que atualmente vem consumindo boa parte do nosso exíguo tempo. Aliás, Por falar em tempo, há décadas venho insistindo na idéia de que é preciso investir na educação do povo. Parece um pensar pueril, idealista, redundante. Mas não é caro amigo. Quando se fala em educação é preciso remeter-se à formação geral do indivíduo, e a partir de então, contagiar todo o tecido social, tornando a unidade deste corpo capaz de abstrair e elaborar melhor os inevitáveis conflitos que pairam sobre nossas vidas. Sim, digo nossas vidas, porque ninguém da educação que recebe escapa, seja ela de boa ou de má qualidade.

     No entanto é preciso evitar monitorá-la em termos apenas quantitativos, mas por seu complexo legado que dotarão a esta incipiente civilização brasileira, os componentes que poderiam forjar um verdadeiro “sentimento de nós”, como diriam os sociólogos. Valores estes que formaram nações que completaram o processo tecnológico em diversos países centralmente localizados, diminuindo em certo sentido, o fosso presente nas relações de capital e trabalho. Aliás, a mais-valia aqui na periferia do mundo capitalista é por demais perversa.  Por falar em sociólogos, não poderia deixar de falar [mal] do ex-professor e ex-presidente FHC. Este homem tivera sido um dos maiores responsáveis pela adulteração do “combustível intelectual” genuinamente brasileiro, generosamente doado por gentlemens como Paulo Freire e Darcy Ribeiro. Tudo em nome de seu pedante projeto pessoal e subserviente ao que se convencionou denominar Consenso de Washington: um grupo de alienados americanistas (do norte), que prescreveram para a América Latina, o estado mínimo; um ideário seguido à risca pelos chefes de Estado de todo resto deste rico e cobiçado continente.

      Assim, a educação, a saúde, a habitação e em certa medida a própria segurança pública, foram duramente preteridas da agenda programática dos sucessivos governos tucanos e dos seus asseclas (DEM/PPS, ETC.), em parte dos estados e municípios brasileiros, que aplicaram o mínimo possível de recursos na educação básica. Resultado: analfabetismo funcional, evasão escolar crônica por cerca de três décadas, violências e violações de uma forma geral, intolerâncias... Numa palavra, barbárie. E em convívio imediato e direto com os ditos “civilizados”. Pergunta-se: Aonde vamos parar? Para onde iremos desse jeito? Que país é este?

      Três questões elucubradas pelo meu ambivalente senso comum, na minha sofrida psique, há pelo menos quarenta anos.

       Nos os próximos trinta ou sessenta, sabe lá, comporemos alguns axiomas eternamente editados pela espécie humana: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Arrisco tais proposituras por amor à minha espécie e tolerância aos infiéis. Afinal até mesmo no dito primeiro mundo (expressão em desuso, desde o fim do socialismo real e da queda do muro de Berlin, em 1989), paira a ausência de amor e sentimentos, diria, mais nobres... como “amor ao próximo”...olha eu tergiversando outra vez. Não adianta, sou irremediavelmente romântico, querido Antônio Siqueira, mesmo após aquele famigerado episódio do cruzado norueguês... lembra?

       Portanto não é de hoje que ouvimos falar que o “Brasil é um gigante adormecido”, “um país que vai pra frente”. Cadê esse dia que nunca chega?! Outra pergunta que não quer calar: Cadê o dinheiro do “Criança Esperança”? Calma, gente... estou só brincando de ser ingênuo...afinal, como diria o vendido (ou comprado), sei lá, do Arlindo Cruz, “isso é globalização”. Ou seria alienação? Falta de educação. de instrução...de compreensão...ou lá o que seja.

    Abisai Leite
    Professor de História SEEDUC-RJ


* Extensivo aos, também, queridos colaboradores: Mariza Lourenço, Luis Junior, Alice Nagai, Luiz Felipe Leite e Silvia Schroeder.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Transparência, combatividade e dignidade

Por Antonio Siqueira do Rio de Janeiro


 


   









      No final da manhã da ultima quinta-feira tive um encontro inesperado e, ao mesmo, tempo, bastante proveitoso em frente ao Conselho Regional de Educação do meu bairro com o Professor Abisaí Leite, ou simplesmente Bisa. Amigo de longa data, ex-colega da escola secundária, musico muito criativo e de percepção inigualável de gêneros, estilos e seguimentos. Atualmente, Abisaí Leite se desdobra como professor de história da humanidade da rede publica, historiador, agente administrativo e ativista. Suas atividades no movimento Transparência Brasil sempre foram acompanhadas por este que vos escreve:

VALORES BÁSICOS:

* Apartidarismo
* Coragem
* Ética
* Imparcialidade
* Independência
* Justiça
* Responsabilidade social
* Transparência
      
      O momento que o Brasil e a América Latina atravessam, exige total atenção no que concerne às transições e transformações paradigmáticas em quase todos os setores da atividade humana, se considerar-mos os costumes e as tradições presentes na cultura das nações em desenvolvimento. A desigualdade social é fato e está aí a olhos vistos, não há crescimento sustentável, a cultura não acompanha o progresso e o desenvolvimento e a corrupção é um câncer em metástase permanente. Abisaí é um ferrenho e incansável combatente das mazelas que ferem tão profundamente o Brasil como um todo e agora colabora para a Política & Afins. Seja muito bem vindo, Professor; o espaço é seu.

     O Mensalão prescreve em 2012, é o que parece. Ontem ouvi de um especialista que o Mensalão pode continuar a ser julgado até 2014. Não cabe aí um palavrão? Um insulto? Façamos isto num botequim, que é o lugar mais apropriado. A verdade é que esses parlamentares entram e saem ano, permanecendo lá e os que entram pelo voto do povo anfíbio e quadrúpede, acabam tirando do serio o mais pacifico dos pensadores. Além do salário líquido, que daria para sustentar a merenda escolar de 10 escolas municipais ou estaduais, esses vermes recebem, comes, bebes, cheires, e se os banheiros não estiverem lotados, as comissões e os jetons de costume. Automóveis para as testemunhas e passagens de avião para a maioria que não vive em Brasília. Há aqueles que gostam de caronas e jatinhos executivos e, num arroubo ‘hormonio-feromonial’, manifestam uma excitação incontrolável pela mandatária da nação. Esses podem acabar sem seus testículos ou, na pior das hipóteses, sem suas cabeças mesmo. Zangões acabam assim, invariavelmente; faz parte da cadeia, do ciclo de vida  de qualquer inseto ou parasita que se preze.

      Cabe também uma pergunta: Pergunto-vos, leitores, como classificariam o fato de o Mensalão (que vem tendo a sua popularidade empanada pelo CPMF (que voltará com força total), CTT, Vale Ração e Fome Zero, pode continuar sendo julgado até 2014? Cabe um insulto: Algo assim como um “Vai trabalhar, vagabundo!” E para não dizer que não se fez nada, criou-se a Medalha de Honra à Ética, Jader Barbalho. Sim... Ele está de volta, acreditem!

      O que mais aterroriza é a mídia geral. A mídia que chega aos pobres, aos que não tem pra onde correr e veem num aparelho de TV a salvação de suas almas. O diálogo entre Pedro Bial e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho no Aglobalhado Altas Horas do srº Sem Noção, Serrgginho Groisman, nos remete a um Brasil miserável, construído e constituído sócio-culturalmente por uma ditadura militar capitaneada com que se teve de pior em termos de material humano por estas bandas. Não cabe aqui mais nenhum comentário, pois o estômago é fraco e o ano que se inicia não será fácil para ninguém. Cabe apenas o apelo dramático não de um, mas de alguns milhões de seres que ainda primam pelo bom senso: DESLIGUEM A REDE GLOBO DE SUAS VIDAS... Aliás, delete a TV Aberta de sua vida para que tu não te sintas mais miserável ainda, prezado leitor! Faça um jantarzinho, convide a sua mulher para uma reflexão e ligue o rádio. O que fazer com as crianças? Inicie o seu filho ao bom hábito da boa leitura. Conselhos utópicos estão longe de ser proibidos, mas ... Vai que pega!


Notas:

* O Rio de Janeiro precisa se livrar de Eduardo Paes. Um prefeito que apóia ONGs ao incentivar a privatização e a precarização do sistema de saúde não pode ser uma pessoa séria. Um Governo probo jamais pode ir contra os concursos públicos.


* Todo início de ano, trocam-se os votos de felicidades pela tragédia mais que anunciada nas regiões serranas. Lamentavelmente, no Brasil, as providências são na base do improviso. Quando as chuvas param, o inferno continua, pois a burocracia e, não raro, o peculato, impedem o socorro. Sugestão da semana: Mantenham-se longe dos políticos e que se se institua a cultura dos mutirões.