quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta Aberta de apresentação ao Blog "Politica & Afins"

Caríssimo Antônio e todos os queridos colaboradores do Politicas & Afins


Como bem sabes, ando assoberbado com as minhas atividades profissionais, que atualmente vem consumindo boa parte do nosso exíguo tempo. Aliás, Por falar em tempo, há décadas venho insistindo na idéia de que é preciso investir na educação do povo. Parece um pensar pueril, idealista, redundante. Mas não é caro amigo. Quando se fala em educação é preciso remeter-se à formação geral do indivíduo, e a partir de então, contagiar todo o tecido social, tornando a unidade deste corpo capaz de abstrair e elaborar melhor os inevitáveis conflitos que pairam sobre nossas vidas. Sim, digo nossas vidas, porque ninguém da educação que recebe escapa, seja ela de boa ou de má qualidade.

     No entanto é preciso evitar monitorá-la em termos apenas quantitativos, mas por seu complexo legado que dotarão a esta incipiente civilização brasileira, os componentes que poderiam forjar um verdadeiro “sentimento de nós”, como diriam os sociólogos. Valores estes que formaram nações que completaram o processo tecnológico em diversos países centralmente localizados, diminuindo em certo sentido, o fosso presente nas relações de capital e trabalho. Aliás, a mais-valia aqui na periferia do mundo capitalista é por demais perversa.  Por falar em sociólogos, não poderia deixar de falar [mal] do ex-professor e ex-presidente FHC. Este homem tivera sido um dos maiores responsáveis pela adulteração do “combustível intelectual” genuinamente brasileiro, generosamente doado por gentlemens como Paulo Freire e Darcy Ribeiro. Tudo em nome de seu pedante projeto pessoal e subserviente ao que se convencionou denominar Consenso de Washington: um grupo de alienados americanistas (do norte), que prescreveram para a América Latina, o estado mínimo; um ideário seguido à risca pelos chefes de Estado de todo resto deste rico e cobiçado continente.

      Assim, a educação, a saúde, a habitação e em certa medida a própria segurança pública, foram duramente preteridas da agenda programática dos sucessivos governos tucanos e dos seus asseclas (DEM/PPS, ETC.), em parte dos estados e municípios brasileiros, que aplicaram o mínimo possível de recursos na educação básica. Resultado: analfabetismo funcional, evasão escolar crônica por cerca de três décadas, violências e violações de uma forma geral, intolerâncias... Numa palavra, barbárie. E em convívio imediato e direto com os ditos “civilizados”. Pergunta-se: Aonde vamos parar? Para onde iremos desse jeito? Que país é este?

      Três questões elucubradas pelo meu ambivalente senso comum, na minha sofrida psique, há pelo menos quarenta anos.

       Nos os próximos trinta ou sessenta, sabe lá, comporemos alguns axiomas eternamente editados pela espécie humana: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Arrisco tais proposituras por amor à minha espécie e tolerância aos infiéis. Afinal até mesmo no dito primeiro mundo (expressão em desuso, desde o fim do socialismo real e da queda do muro de Berlin, em 1989), paira a ausência de amor e sentimentos, diria, mais nobres... como “amor ao próximo”...olha eu tergiversando outra vez. Não adianta, sou irremediavelmente romântico, querido Antônio Siqueira, mesmo após aquele famigerado episódio do cruzado norueguês... lembra?

       Portanto não é de hoje que ouvimos falar que o “Brasil é um gigante adormecido”, “um país que vai pra frente”. Cadê esse dia que nunca chega?! Outra pergunta que não quer calar: Cadê o dinheiro do “Criança Esperança”? Calma, gente... estou só brincando de ser ingênuo...afinal, como diria o vendido (ou comprado), sei lá, do Arlindo Cruz, “isso é globalização”. Ou seria alienação? Falta de educação. de instrução...de compreensão...ou lá o que seja.

    Abisai Leite
    Professor de História SEEDUC-RJ


* Extensivo aos, também, queridos colaboradores: Mariza Lourenço, Luis Junior, Alice Nagai, Luiz Felipe Leite e Silvia Schroeder.

8 comentários:

  1. Perfeito, meu amigo. Só acho que FHC apenas deu prosseguimento ao processo de desmantelamento educacional e cultural no Brasil, em suma: Omitiu-se como os outros ratos que sucederam a origem de tudo; a Ditadura Militar, que aliás, teve uma colaboração precisa e providencial de “endeusados” malandros como Carlos Lacerda, Tancredo Neves e JK, este último, se fodeu e grau, gênero, número e mineiridade.

    Já Arlindo Cruz não é vendido, ou comprado, ou alienado, ou... Arlindo Cruz não é nada,. Como, aliás, toda exata nova geração de mortos vivos da MPB Moderna. Seja bem vindo e publique seus artigos, querido. Enviarei um e-mail que rodará para vc e todos os articulistas do blog para que não haja confusão no que diz respeito às postagens. O “Política” é um espaço livre, apartidário; não está aqui para plataformas ou objetivos pessoais. Por isso lhe convidei com tanto denodo.

    Abraços e sinta-se em casa.

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    1. Com certeza, caro A. Sítara (Siqueira),
      e perdemos três gerações de pessoas, que poderiam estar hoje duelando com a Coreia do Sul ou com o Japão em tecnologia e desenvolvimento humano (social)_leia-se educação. Enquanto o Brasil coloca no mercado, anualmente, cerca de 20 mil engenheiros formados, a Índia forma e ("exporta")260 mil profissionais da área de engenharia/ano. Só para ficar claro e, digamos, didático, o "Consenso de..." a Wilkipédia informa que, o
      Consenso de Washington é um conjunto de medidas -que se compõe de dez regras básicas - formulado em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras situadas em Washington D.C., como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John Williamson, do International Institute for Economy, e que se tornou a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990, quando passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países em desenvolvimento que passavam por dificuldades.
      Segundo Dani Rodrik: "Enquanto as lições tiradas pelos proponentes (do Consenso de Washington) e dos céticos diferem, é legítimo dizer que ninguém mais acredita no Consenso de Washington. A questão agora não é saber se o Consenso de Washington ainda vive; é saber-se o que deverá substituí-lo".
      Para o presidente de El Salvador, Mauricio Funes, "a crise econômica e financeira que começou em 2008 nos EUA evidenciou o esgotamento de um modelo nascido dos Consensos de Washigton". E afirma que o Brasil demonstrou nos últimos anos a "falsidade neoliberal da contradição entre o equilíbrio das políticas macroeconômicas e o aprofundamento e ampliação das políticas sociais de equidade e inclusão".

      Um fratenal amplexo deste seu amigo que a cada dia mais lhe admira!

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  2. Eu diria que este espaço tem gente muito boa!
    Não sabia que o Bisa tinha se transfortmado em professor e ativista, aliás, não o via há uns 20 anos...ele era vocalista de uma banda muito legal na a juventude, rs. Desde que cheguei ao Brasil tenho reencontrado muita gente boa e esse cara é bom!

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    1. Puxa Dayana, estou curioso para saber como estás despois deste "vinte anos" de "desaparecimento mútuo" entre nós. Não mudei muito, não!!! mas a rugas são inevitáveis. Alguma novidade bio-tecnológica no exterior para rejuvenecimento? Qualquer novidade, além do "botóx celular"...que já conheço, mas não tenho grana para aplicar...rsrs. Afinal não são tantas rugas assim. Dá´p'ra esperar mais um pouco. Seria preciso que visse de perto...boa oportunidade para matar as saudades (e minha curiosidade). Um grande beijo, querida!

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  3. A América Latina está doente e o unico remédio é a educação.
    Quem é Arlindo Cruz? O.o

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  4. ESSE BLOG TÁ FICANDO MUITO BOM

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  5. Excelente Apresentação.

    Seja muito bem vindo.

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    1. Caro Luis, concordo plenamente com a expressão por ti usada: "disciplina". Acho que consigo produzir um texto a cada semana...quarta-feira estaria de bom tamanho p'ra mim. Vou dar um toque no Siqueira. Forte abraço!

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