domingo, 5 de outubro de 2014

A Hora da Verdade

Por  Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Nos encontramos mergulhados num imenso deserto de ideias















É isso aí. Nesse início das eleições presidenciais, para os governos dos estados, parlamentares
federais e estaduais, estamos todos nós a pouco tempo de podermos conferir o que disseram o Datafolha e o Ibope e o que as urnas deste domingo vão revelar. Nos encontramos mergulhados em um grande deserto de ideias como bem bradou Osvaldo Aranha há quase um século, porém, se tratam de eleições e a partir deste pleito que as coisas andam ou desandam.

Não é possível dizer agora quem estará em um eventual segundo turno. O senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) têm, praticamente, as mesmas chances de estar presentes na segunda fase de votação, de acordo com as últimas pesquisas, considerando as margens de erros. Um deles deve disputar com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Ainda há um outro fator importante a considerar. O número de indecisos, ainda que não seja mais muito grande, aponta para a indefinição. Normalmente, os votos dos indecisos se distribuem nas mesmas proporções dos votos já definidos. Mas essa é apenas uma tendência. Não há como assegurar se essa distribuição assim será.

A última movimentação dos candidatos também poderá ser decisiva para as definições finais. Uma frase mal colocada, uma ação impensada podem derrotar ou alçar um candidato diante de uma disputa tão acirrada.


Mas tudo isso indica como o país está dividido. Não existe mais hegemonia de nenhum projeto. A insatisfação com o atual quadro é perceptível, mas não é majoritária. E mais grave do que a divisão das forças é a radicalização das posições. O Brasil vive um momento de ódio e amor. Os seguidores do governo federal, especialmente os petistas, e o grupo que reprova a administração federal – o antipetismo – não aliviam. Eles traçam um duelo aberto nas redes sociais, nas ruas, em suas casas e até mesmo em suas relações mais pessoais.

charge: newton silva
Há três meses, 75% dos brasileiros se diziam insatisfeitos com o país e exigiam mudanças urgentes, mas hoje, quando todos os indicadores econômicos, que já eram ruins, pioraram ainda mais, o desejo de mudança se transformou na liderança folgada dos situacionistas Dilma (PT), Alckmin (PSDB) e Pezão (PMDB). Vai entender. Será que eles mentiram aos pesquisadores? Ou eram felizes e não sabiam? Ou gostavam de sofrer? Ou o medo do desconhecido é maior que a esperança no futuro? Mas como mudar, se nenhum governante municipal, estadual ou federal jamais reconhece seus erros, atribuindo-os sempre a outros, a conspirações políticas ou a circunstâncias adversas?

Salvo um terremoto inesperado, estão fora do páreo aqueles que podem dizer todas as maravilhas que muitos de nós esperamos ouvir: que são a favor de salvar as vidas das mulheres que precisam abortar; que são absolutamente contrários à homofobia; que defendem o meio ambiente muito além da mera preservação das florestas; que não pagam de jeito nenhum a dívida que o governo contraiu com credores: os banqueiros que se virem…




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