segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Quando o inferno é o destino mais provável


Por Antonio Siqueira - do Rio de Janeiro



Uma aliança demoníaca que deixou sequelas
Segunda – Feira, 06/02/02002; Av. Presidente Vargas, Rio de Janeiro, 09:05Hs , mais precisamente. Os termômetros marcam desagradáveis 32ºC numa manhã de sol a pino. De dentro das escadarias do metrô da Estação Central do Brasil - Presidente Vargas, mais ou menos setenta pessoas saem com fisionomias que variam entre o transtorno e o estresse total numa pressa quase que ensandecida. Pergunto a uma senhora menos apressada e mais lúcida o que está acontecendo, pois aquele “grupo” parecia estar fugindo de um iminente ataque terrorista e ela responde com o semblante desolado: _ Meu filho, o metrô parou!

      O metrô carioca que antes parecia ser inacessível às camadas mais pobres da população e que chegou alcançar o status de um dos melhores do mundo por prestar serviços que beiravam à perfeição está sucateado; Atrasos de até 40 minutos, composições quebrando diariamente, sistemas de rfefrigeração que entram em pane na maioria das composições e estações subterrâneas, hiper lotação, composições (às vezes mais de uma) avariadas diariamente, caos na hora de entrar nos vagões (pessoas chegam a se ferir), catracas defeituosas que aumentam ainda mais as filas, acidentes de todos os tipos que envolvem composições e usuários nas plataformas e... Até assaltos pontuam o cotidiano de quem precisa do metrô. Tudo isso acontece desde que o Governo Estadual lançou o bilhete único que dá direito a um sensível desconto ao trabalhador ao usar ônibus, trem e metrô simultaneamente e este mesmo bilhete único é o terror da classe media da cidade.

      Dia desses, ao usar o metrô com destino à Tijuca, uma jovem universitária, moradora do Flamengo me confidenciava seu desgosto por ter que dividir o vagão com o “povinho que vem das zonas norte e oeste” como ela, tão sinistramente, sintetizou com essas exatas palavras. O pai é empresário do ramo de papelaria e com certeza o “povinho” que trabalha para o pai da pequena fascista advém das zonas norte e oeste da capital. Isso por si só não me surpreende; esse comportamento neo feudal já é, por demais, conhecido na nossa sociedade colonial e este vira-latismo ímpar está no DNA. O que me impressiona mesmo é a falta de compromisso das autoridades com o transporte publico. Logo após lançarem o tal ‘bilhete único’, o inferno passou a ser o destino mais provável para quem usa, não só o metrô, mas os trens urbanos, as barcas e os ônibus também. Nesse “inferno”, a jovem universitária do Flamengo, muito a contento, fará parte do churrasco coletivo. Estamos muito longe de aprender a lição...Lamentávelmente.

      Aliás...No mesmo inferno que se encontram as famílias dos cinco desaparecidos no desmoronamento do Edifício Liberdade e mais dois prédios menores na Rua Treze de Maio no  centro do Rio. Cinco corpos aos pedaços foram parar no lixão de Duque de Caxias e, pelo menos uns seis foram entregues mutilados aos seus entes queridos. Perturbadora mesmo é a história de uma mãe que passou uma semana circulando num transe absurdo pelo local na esperança de que seu filho estivesse vivo sob os escombros. Vera Lucia Gitahy, de 59 anos permaneceu por sete dias seguidos em frente aos escombros conversando com Bombeiros e Policiais e até tentando ajudar nas buscas, o que foi impedida. Quando encontraram Bruno Charles Gitahy, analista de sistemas da empresa T.O, que funcionava no 12ºandar do Liberdade, devolveram apenas parte do corpo do filho de Vera que deverá ir hoje ao Instituto Médico Legal tentar reconhecer os restos mortais de Bruno que compõem apenas parte do tronco e membros superior direito e inferiores, mediante à exame de DNA. Vera acredita verdadeiramente que as retro escavadeiras destruíram o cadáver de Charles. O prefeito Eduardo Paes também permaneceu durante sete dias na Rua Treze de Maio, mas para apressar a limpeza da área, pois o trânsito, o tráfego e os negócios não podem parar. Nova Iorque manteve fechados os quatro quarteirões que envolviam o Word Trade Center até que todas as possibilidades de resgate de corpos inteiros ou parte deles fossem esgotadas e isso durou exatos 40 dias. Não há como comparar tais eventos, apenas lamentar aqui a falta de decência da prefeitura do Rio de Janeiro. O prefeito Eduardo Paes pertence à uma classe de vermes menos evoluída, numa aliança que compõe o miliciano Sergio Cabral e o já sem tempo, sepultado Lula. É o que chamo aqui de Neo Chaguismo, onde o colo do diabo é quente, não veste Armani e tem sempre lugar para mais uma alma miserável.


3 comentários:

  1. Que Deus proteja a nossa cidade!

    Aline

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  2. É meu caro irmão...fato citado, fato comprovado. São as permanências históricas. Parece que nada mudou na "Nova Republica". Por isso que o Macedão está com a "burras" cheias de dólares e euros. Mas tais absurdos não privilégio do Rio de Janeiro (que continua lindo, porém trite_o Cristo Redentor constata isso há oitenta anos olhando do alto as malvadezas cometidas contra o povo). São Paulo também vem pedindo arrego! governada por uma dupla neo-nazifascista (Alkimin/Kassab). E o caso Pinheirinhos...Final dos tempos!

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