quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Politica Brasileira: Festa Estranha e com Gente Esquisita

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro 




Até o impeachment, Cunha e Dilma eram bons parceiros

















No filme sueco “Força Maior” (de Ruben Östlund – 2014) um pai prepara-se para tomar café da manhã com mulher e filhos na varanda de um hotel nos Alpes quando ocorre uma avalanche. Todos observam maravilhados a movimentação do gelo, bastante comum ali.

Só que essa avalanche vem mais forte e descontrolada e se aproxima rapidamente da área onde essas pessoas estão. Instintivamente, o pai da família levanta, passa a mão no seu celular e sai correndo dali, deixando mulher e filhos para trás.

A avalanche invade a varanda e cobre todos de gelo. Mas ninguém morre, e esse é o problema. A família em questão terá de voltar a conviver junta, com todos sabendo exatamente o que aconteceu.

Há um paralelo dessa covardia cretina do personagem do filme com os atores envolvidos na avalanche de desgraças econômicas que vão cair sobre nós em um período muito curto.



O ÚLTIMO ANO PROSPERO

É bom lembrar que 2014 foi ainda um ano excepcional em termos de distribuição e aumento da renda no país. O último ano de sol, que amenizou, até aqui, a tempestade de gelo que vai nos envolvendo.

No comando do país, não existe um único personagem com espinha dorsal para não ter se envolvido no jogo político mais mesquinho.

Até há pouco, antes do dia do encaminhamento do impeachment, Dilma e Eduardo Cunha eram parceiros. A presidente segurava as pontas de um mentiroso com contas de dinheiro desviado na Suíça enquanto Cunha a mantinha longe de um processo que pode afastá-la do poder.

Já a alternativa à destruição mútua e talvez merecida entre Cunha e Dilma se apresenta mesquinha, pequena, digna do seu entorno político no Congresso. A carta rancorosa de Temer a Dilma é um primor psicanalítico em se tratando de um homem de 75 anos tido com um dos políticos mais “experimentados” do país.

A oposição não escapa ao quadro, tendo minado até outro dia as poucas medidas que poderiam fazer superar a crise que nos envolve

Mas pela primeira vez parece que a sociedade está realmente vidrada no desenrolar desses acontecimentos. As fortes variações nas pesquisas de popularidade do Datafolha em relação à percepção de governo e Congresso, além da economia, são prova de informação.

Cenas de “mma” no Congresso, roubos, prisões e trechos de cartas chorosas também não passam despercebidas. Tudo embalado em um sofrimento diário e crescente para fechar as contas do mês.

Essa avalanche também vai passar. Mesmo cobertos de gelo, saberemos exatamente o que aconteceu.





Um comentário:

  1. Colhido dos jornais agora e transcrito aqui:

    “Não há fundamento para que voto seja aberto na formação de comissões”, disse, acrescentando que as candidaturas avulsas são uma cultura da Câmara e o Supremo não deve interferir em uma questão interna. “Se esta Corte deliberar contra a candidatura avulsa, a Corte estará se equivocando”, advertiu, com firmeza.

    Toffoli também seguiu o voto do relator Fachin, dizendo que não há fundamento jurídico para que voto seja aberto na formação de comissões. Por fim, praticamente ficou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, ao dizer: “Se o presidente não tem apoio de 1/3 dos deputados, fica difícil governabilidade”.

    Gilmar Mendes também seguiu integralmente a linha de Fachin e Toffoli, na forma da lei. Quer dizer, entre os 11 componentes do Tribunal, apenas três ministros realmente honraram a toga. Por uma questão de piedade cristã, nem vou analisar o papel dos outros oito “juristas”. É época de Natal e eu fico meio caridoso.

    Roberto Lamas

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