quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Sem Saída



Angela Merkel está diante de um problema insolúvel, terrorismo islâmico na Europa está apenas começando, e não há como evitar




Desolação


















Vamos falar a sério sobre o mais recente atentado terrorista na Europa. A iniciativa comprova que os jihadistas mudaram de estratégia e agora a guerra santa contra os infiéis se desenvolve com outras armas, e o caminhão de entregas passou a ser a principal delas. Na manhã desta quarta-feira, antes que a imprensa brasileira noticiasse, o comentarista Ednei Freitas nos informou que o principal suspeito da chacina em Berlim fora identificado como o tunisiano Anis Amri, de 24 anos, e que uma recompensa de até 100 mil euros seria oferecida a quem fornecer informações sobre seu paradeiro.

É bem provável que ele seja capturado, junto com seus principais cúmplices, mas isso de nada adiantará. A Europa inteira está invadida por terroristas ligados a grupos radicais como o Estado Islâmico, que assumiu a autoria do atentado. Daqui para frente, qualquer aglomeração ou comemoração na Europa é um risco, porque os jihadistas agem de diversas maneiras, não é possível evitar novos ataques.

O fato concreto é que os países europeus enfrentam graves problemas sociais, porque suas populações pararam de crescer e começaram a diminuir. O índice de reposição populacional necessita que, na média, cada mulher tenha 2,1 filhos, mas a maioria dos casais europeus têm apenas um filho.

Os governos tentaram aumentar a taxa de natalidade, mas não deu certo, porque os incentivos oferecidos às mulheres foram insuficientes. A solução encontrada – atrair imigrantes para trabalhos subalternos – foi um erro colossal e causou o gravíssimo problema que os europeus defrontam hoje. A chanceler alemão Angela Merkel não sabe o que fazer, simplesmente porque não há solução.

Os muçulmanos se espalharam pela Europa, com os jihadistas infiltrados entre eles. E a grande diferença é que as famílias imigrantes se multiplicam descontroladamente, porque os casais islamitas não adotam práticas anticoncepcionais. Em algumas décadas, serão maioria na França e elegerão o presidente.

 É ingenuidade acreditar que os alemães de repente se tornaram caridosos para acolher os pobres estrangeiros como irmãos. Desde que a imigração começou, há 50 anos, os trabalhadores imigrantes sempre foram discriminados. Eram conhecidos como “cabeças pretas”, porque a maioria (portugueses e turcos) tinha cabelos escuros.

Foi assim que a Alemanha Ocidental, antes da fusão, começou a ser habitada por dois povos – a elite germânica e os serviçais imigrantes. É muito diferente do que acontece no Brasil, onde a miscigenação é descontrolada e muçulmanos até se casam com judeus. Na Europa isso não existe. Seus povos estão divididos. Os europeus apenas toleram os imigrantes, que vivem em guetos. É claro que isso jamais iria dar certo.

GUERRA NÃO DECLARADA – O fato consumado é que o mundo já está vivendo uma espécie de Terceira Grande Guerra, com os jihadistas lutando contra as nações que tanto os exploraram – os Estados Unidos e os principais países da Europa.

Por estarem mais próximos e já infestados de radicais islâmicos, os europeus se tornaram alvos preferenciais dessa guerra não declarada, que está apenas começando. Basta lembrar as palavras do terrorista turco que matou o embaixador russo. Ele foi bastante claro. Seu recado não deixa dúvidas. E assim caminha a humanidade.

domingo, 27 de novembro de 2016

O Comunismo dos Traidores Morreu Definitivamente

Fidel traiu Marx e Engels, que jamais defenderam a tal “Ditadura do Proletariado”

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Não adianta querer atribuir a esses dois grandes filósofos humanistas
 as perseguições, as chacinas e os massacres promovidos
por ditadores supostamente tidos como comunistas.
























A morte de Fidel Castro é uma boa ocasião para reflexões ideológicas, porque o comunismo está aparentemente superado e fora de moda. O fato concreto é que, nas últimas décadas, a inovadora doutrina criada por Karl Marx e Friedrich Engels deixou de ser discutida em relação à época em que foi idealizada, em meados do século XIX, início da revolução industrial. E o marxismo passou a ser fraudulentamente considerado como sinônimo de ditadura e barbárie, vejam a que ponto as distorções intelectuais e políticas podem chegar.

Não adianta querer atribuir a esses dois grandes filósofos humanistas as perseguições, as chacinas e os massacres promovidos por ditadores supostamente tidos como comunistas, como Josef Stalin, Fidel Castro, Pol Pot etc. Nenhum deles era verdadeiramente comunista e seguia as lições de Marx e Engels.

Também não adianta vir aqui defender Vladimir Lenin, alegando que ele era o mocinho e Stalin teria se tornado o bandido, porque na realidade os dois foram parceiros na criminosa manipulação da doutrina marxista para implantação da sangrenta ditadura na Rússia.


Lenin inventou a Ditadura do Proletariado e atribuiu a Marx
O maior exemplo das absurdas distorções do pensamento de Marx e Engels é a famosa “Ditadura do Proletariado”. Essa expressão, que passou a ser usada como sinônimo de marxismo ou comunismo, na verdade não existe na extensa obra filosófica, econômica, política e social desses dois pensadores prussianos.

Um dos maiores estudiosos do marxismo foi Karl Johann Kautsky, um filósofo, jornalista, historiador e economista tcheco-austríaco que se tornaria um dos fundadores da ideologia social-democrata. Kautsky nasceu em 1854, justamente quando se discutia na Europa o Manifesto Comunista, lançado em 1848.  Sua obra é extraordinária. Fez estudos profundos e lançou livros sobre o Cristianismo, a Utopia de Thomas More, a Ética e o Materialismo, as Doutrinas Econômicas, a Mais Valia etc.

Foi o maior pensador de seu tempo, deixou uma obra portentosa. E ninguém estudou o marxismo como Kautsky. O mais interessante foi a polêmica travada com Stalin e Lenin. Com total conhecimento de causa, Kautsky destruiu a farsa da “Ditadura do Proletariado”, expressão jamais usada por Marx e Engels em suas obras. Na verdade, Marx não a mencionou nem mesmo na célebre carta escrita ao médico alemão Ludwig Kugelmann em 1871, que é citada como prova de que ele defendia a “Ditadura do Proletariado”.

Ao contrário do que se apregoa hoje com a maior irresponsabilidade, Marx e Engels jamais defenderam nenhuma ditadura, eram humanista, democratas e lutavam pela liberdade de imprensa. O que eles defendiam era a possibilidade da transformação pacífica da democracia burguesa em democracia proletária.

«Atualmente, em 1917, na época da primeira grande guerra imperialista, esta ressalva feita por Marx perdeu a razão de ser”, escreveu Lênin em “O Estado e a Revolução”, livro lançado um mês antes da revolução comunista na Rússia. E acrescentou: “A ditadura do proletariado é o Poder do proletariado sobre a burguesia, Poder não limitado por lei e baseado na violência e que goza da simpatia e do apoio das massas trabalhadoras e exploradas“.

Quando Lenin inventou a “Ditadura do Proletariado” baseada na violência, Marx já estava enterrado em Londres há 34 anos. Portanto, Marx e Engels não têm nada a ver com as atrocidades cometidas pelos ditadores pseudo-comunistas.



Religião + Comunismo = igualdade:

Toda religião que se preza defende a igualdade, a fraternidade e a liberdade. Não foram os revolucionários franceses de 1789 que inventaram esse lema, apenas copiaram o que aprenderam na Igreja. Não incluíram caridade, dignidade, honestidade e humildade, porque assim o lema ficariam muito extenso e perderia o impacto.

E tudo isso vem desde Krishna na Índia (3 mil anos antes de Cristo); Lao Tse na China (1300 a.C.); Moisés no Egito e Oriente Médio (1291 a.C); Buda na região do Nepal/Himalaia (600 anos a.C.); Confúcio no Nordeste da China (550 anos a.C.); Sócrates na Grécia (469 a.C.); Jesus Cristo na Palestina, com a abertura da atual nova Era; e Maomé (570 depois de Cristo).


Jesus Cristo, o Revolucionário:

Não foi à toa que Karl Kautsky estudou tanto as origens do cristianismo, os evangelhos, as relações de Jesus  com os essênios, seita judaica socialmente evoluída. Assim como outros grandes historiadores, Kautsky dizia que Pôncio Pilatos, governador da Judeia, no julgamento de Jesus Cristo, não o considerou um simples pregador religioso, mas como um líder revolucionário que lutava para desestabilizar o Império Romano na Palestina. Por isso, condenou-o à crucificação, castigo reservado aos rebeldes e outros inimigos da sociedade, como os ladrões.

Naquela época, os rebeldes eram chamados de “zelotes”, expressão que agora entrou em moda aqui no Brasil, na caça aos corruptos. Mas isso já é outro assunto, e depois a gente volta a ele, na Graça de Deus, porque sou socialista legítimo mas não deixei de ser religioso.



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Islamofobia, Hitler, discurso de ódio.

Por Fernando Figueiredo - De Niterói - RJ
+ArteVitalBlog @arte_antonio_siqueira







Quem lembra quando, em 2006, as caricaturas blasfemas contra o Islã que foram publicadas por um jornal dinamarquês provocaram 205 mortos? Na época, a posição oficial da União Europeia era de que não havia islamofobia de forma alguma e que se tratava de um incidente isolado. Mas agora assistimos a uma autêntica negação da realidade, sob a bandeira dos Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente).
Uma cadeia ininterrupta de vitórias da extrema-direita no velho continente foi recebida com uma indiferença generalizada. Ignorando uma maré xenófoba, nacionalista e populista que se está apoderando da Europa. Que defende a expulsão de todos os muçulmanos, declarando o Islã incompatível com a Europa. Lembremos que Hitler declarou os judeus incompatíveis com a Europa, isto não provoca um déjà vu?


Essa guinada à direita do continente, além do nacionalismo e do populismo, recebeu a contribuição da criação do Estado Islâmico, em 2014, com atentados na Europa que difundiram um medo generalizado.e da crise dos refugiados, vista na Europa como uma invasão maciça e sem precedentes,


O fato de que muitos dos refugiados fogem de guerras que foram iniciadas por nós é completamente esquecido. Mas atribuir toda a responsabilidade à onda de refugiados e ao Estado Islâmico significa uma leitura superficial da situação.

A islamofobia pode acabar na criação de um ciclo vicioso, uma espiral de ódio capaz de criar ainda mais violência.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Bom humor Vs Mau humor.


Uma Crônica de Ricado Le Duque - Do Rio de Janeiro

O mal humor é uma doença contagiosa que mata por
dentro quem a tem e quem convive com o mau humorado.



























Nosso povo brasileiro é mesmo muito interessante. Tem uma espécie de bipolaridade acentuadíssima. Quando o assunto é política já tivemos a oportunidade de ver o show dos ódios versus amores, ambos cegos.

Vimos também essa natureza nos grandes eventos dos jogos Panamericanos, Copa do Mundo e, agora, a Olimpíada.

Oscilamos entre a diversão com os nossos patéticos momentos e uma espécie de falcete de consciência política que vê absolutamente tudo como se fosse uma conspiração do capitalismo opressor contra uma outra espécie de falcete, a de um povo bom e merecedor de toda a benevolência humana.

Tenho uma sobrinha muito inteligente que me apresentou uma pérola do simbolismo. Disse, certa vez em um post, que "O exagero é a matéria prima da piada".

Assim percebo uma coisa interessante que é o duplo feitiço causado pelos discursos ultra mega super politizados que algumas pessoas tentam enfiar na marra em absolutamente tudo. O resultado é lógico: aquilo acaba virando piada. Uma coisa alimenta a outra.

Nunca tive apelido que "colasse" porque eu estragava sempre aquela tentativa do que hoje chamam de bullying justamente porque eu era o primeiro a achar a maior graça. Sem me dar conta desse antídoto, contra a malícia, lá estava eu estragando a piada do malvadinho. Assim... meu algoz logo ficava com um sorriso amarelo até perder toda a graça para o meu auto bullying.

Portanto aprendi cedo a rir de mim, dos meus e de tudo aquilo que me oferece a idéia de pertencimento. Sejam as piadas contra meu flamengo, contra o meu cristianismo, o meu ministério pedagógico, à música, minha família às minhas opções políticas e nacionais. Não há piada que não me faça rir. Seja ela em si por ser boa ou pela patetice do mau gosto de quem a conta.
Então... evite o humor, o bom ou o mau, quando quiser algo a sério comigo. Ah fala sério!














Ricardo Le Duque é professor de história, professor de música, tocador e pensador muito bem casado, muito bem humorado e amigo deste blog







Confira:






quarta-feira, 27 de julho de 2016

O picadeiro de um patife

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



As idiotices de Eduardo Paes fazem sucesso nas redes sociais



























Alguém precisa segurar o Eduardo Paes. Camisa de força, algemas, mordaça, óleo de rícino, sei lá. O homem está impossível, já saiu do terreno político e virou poule de dez para mascote do Pinel. Trata-se de patologia inacessível a nós, não iniciados, mas certamente diagnosticável pelos especialistas.

O que aconteceu nesses dias com a delegação australiana para as Olimpíadas é, como dizem os moderninhos, um case. Os caras atravessam um oceano, encaram Aedes, calamidade pública, segurança terrível, e não conseguem ocupar seus alojamentos. Reclamaram, com razão, de vazamentos, cheiro de gás, sujeira, fiação à mostra, típicos de obras inacabadas. A chefe da delegação, veterana de cinco Olimpíadas, falou grosso, horrorizada com o estado das instalações. O prefeito, versão cada vez mais caricata do Cândido voltaireano, se saiu com uma piadinha canalha. “A gente vai botar um canguru na frente do prédio para eles se sentirem em casa”. Sem ter a decência de botar a viola no saco, reconhecer o absurdo da situação e desculpar-se pelo ocorrido, apelou para o estereótipo. Pois vamos seguir nessa linha.

Suponhamos que os jogos fossem em Sidney e a delegação brasileira reclamasse de instalações precárias. O que diríamos se o prefeito australiano convocasse a imprensa e dissesse que colocaria um corpo de pessoa abatida por bala perdida na frente do prédio, para que os brasileiros se sentissem em casa? Ou uma passista pelada? Político corrupto ou doleiro/marqueteiro dos bacanas também serviria. Garanto que os patrioteiros convocariam marchas cívicas, os mais exaltados pediriam a suspensão de relações diplomáticas com os cangurus, digo, com os coalas. Perdão, com os australianos. É nesse terreno que Arrelia Paes resolveu trafegar.

PERGUNTA-SE – Faltando pouco para os ufanistas receberem a chave simbólica do Rio, é preciso perguntar. Você se mudaria para um prédio que não fosse vistoriado, sem receber o habite-se? Quem vistoriou os prédios da Vila Olímpica e os liberou para moradia (mesmo que temporária)? Quem é responsável pela cagada, digo, pelo “erro involuntário”?

O prefeito dirá, a exemplo do caso da ciclovia assassina, que não é fiscal, não tem a expertise necessária para analisar a qualidade das construções. Então tá, Piolin Paes, ninguém tem culpa, problemas acontecem. A questão é que todos nós pagamos a conta. Alguns, além da carteira, perdem a vida.

Achou engraçadinho o que disse o prefeito ? Pois então pense no que escreveu Apparício Torelly, o grande Barão de Itararé: “Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você”.

O prefeito babaca está, no momento em que finalizo este artigo, concedendo entrevista ao apresentador Jô Soares na Rede Globo de televisão.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Desmoralização é Iminente, A Involução é Fato

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Arte_Charge_@Duke

























De repente, a indignação. É inaceitável o número de bandidos flagrados desviando dinheiros públicos há anos, processados em seguida e que agora são privilegiados objetos de bondades do Judiciário. Sucedem-se as condenações, seguem-se os benefícios concedidos aos condenados, distribuídos através de prisões domiciliares e outras facilidades. Multas são reduzidas e a liberdade concedida àqueles que deveriam estar trancafiados como qualquer criminoso comum. Com certeza, continuam empenhados em burlar a lei, até praticando os mesmos desvios e crimes de antes.

Advogados poderosos obtêm para seus clientes todo um conjunto de benesses que os transformam em hóspedes de luxo nos hotéis de suas próprias casas. As delações premiadas permitem muito mais do que a redução das penas, favorecendo milionários hóspedes postos à beira de suas piscinas e salas de luxo.

Falta alguém no mundo da Lava Jato, e não são apenas os criminosos pretensamente condenados. Quem permitiu essas aberrações precisa ser denunciado e responder por elas. Pertence ao universo das elites, àquele grupo social onde a lei possui dimensões elásticas.

Não se tem notícia de que o ladrão de galinhas foi beneficiado com favores iguais. Carece de relações especiais, de advogados milionários e de juízes lenientes. A desmoralização ficará próxima, caso permaneça essa prática.



domingo, 24 de abril de 2016

Operários e protestos.

Por Fernando Figueiredo - De Niterói
Em Brasília, Mitologia e Corrupção têm um casamento improvável














O País se aproxima  de dois cenários possíveis, ambos ruins. Se Dilma for tirada do poder, manifestações ocuparão as ruas no dia seguinte. Novos pedidos de impeachment, dessa vez contra Temer, baterão às portas do Congresso Nacional. As mesmas pesquisas que atestam a repulsa quase unânime dos brasileiros por Dilma mostram também que as maiorias não querem o vice, Michel Temer, como substituto da titular.

O segundo cenário não é melhor. Se Dilma ficar, como vai ser a sua sobrevida no cargo? Lula será o “primeiro-ministro” e tomará conta do Planalto, promovendo a presidente ao posto de peça decorativa? A sociedade foi dividida por um muro, sobre o chão da Esplanada dos Ministérios, que a reparte em dois lados.

Na peça Antígona, de Sófocles, escrita há mais de dois milênios, o personagem Creonte, rei de Tebas, enuncia lições preciosas e justas, ainda que seja um usurpador despótico, como a de “jamais colocar o maior interesse do melhor amigo, do mais íntimo parente, acima da mais mesquinha necessidade do povo e da pátria” (na tradução de Millôr Fernandes).

Por acaso, domingo que vem é Primeiro de Maio. Pelo que me lembro, teria sido uma data histórica da classe operária, coisa que já não importa, naturalmente, por representar um conceito em desuso, fora de moda. Assim como o Natal dos nossos dias tem mais a ver com um passeio no shopping do que com uma oração na igreja, o Primeiro de Maio já não tem nada a ver com o que aconteceu em Chicago, em 1886.

Não que eu seja contra, vai ver que é isso mesmo, talvez não haja mais política possível fora dos domínios do imenso espetáculo de mal gosto em que se converteu o nosso mundo.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Minha Casa, Meu Triplex

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Brasil: Pátria Macabra



















Nunca antes na História deste país se viu um ex-presidente prestar depoimento à Polícia Federal usando tanto deboche, desprezo e ironia, tentando ridicularizar os dois delegados (Luciano Flores de Lima e Ricardo Hiroshi), que somente não lhe deram voz de prisão por desacato à autoridade, porque precisavam que ele falasse o máximo possível, para se contradizer e fazer revelações que pudessem incriminá-lo, como acabou acontecendo. Deixaram Lula falar palavrões à vontade, nada os afastou dos objetivos traçados ao preparar o minucioso interrogatório, cujo termo de transcrição ocupou exatamente 98 páginas.

Se tivesse juízo, Lula teria ficado em silêncio. No início do depoimento, foi informado a respeito de que tinha o direito de ficar calado, mas do alto de sua arrogância e prepotência, o ex-presidente fez questão de responder às indagações. Lula estava acompanhado de Roberto Teixeira, amigo, advogado e compadre, e da filha dele, a advogada Valeska Martins. No depoimento, Teixeira só tentou interferir uma vez, para evitar que fosse tocado o assunto do tríplex, mas o delegado não lhe deu maior atenção e seguiu em frente.

O longo interrogatório foi conduzido com maestria. Primeiro, deixaram Lula falar à vontade, para enaltecer seu governo, destacando as principais realizações. Deram corda, e depois foram buscando as informações de que a força-tarefa necessitava, agindo com impressionante calma, como se não percebessem as provocações e o achincalhe de Lula, que aos poucos foi falando tudo o que se pretendia extrair dele.

Como sempre, o ex-presidente adotou sua velha estratégia de dizer que não sabia de nada. Não percebeu que, ao agir assim, acabaria incriminando a própria esposa e também os amigos que hoje trabalham no Instituto Lula. Assim, além de colocar dona Marisa na condição de cúmplice nos casos do sítio, do tríplex e dos bens da Presidência que o casal trouxe de Brasília, atribuindo exclusivamente a ela a responsabilidade, ele também incriminou os companheiros do Instituto Lula, principalmente o presidente Paulo Okamotto.

Com muita habilidade, os delegados conseguiram que Lula admitisse que o Instituto e sua empresa de palestras, a LILS, são a mesma coisa, funcionam no mesmo local e utilizam os mesmos empregados. Demonstrando ignorância e soberba, foi caindo na rede e admitiu que os dirigentes do Instituto procuram as empresas para conseguir doações e decidem em conjunto como gastar os recursos da entidade, sem a menor participação dele, que não toma conhecimento de nada.

No caso da apropriação dos bens da Presidência, que Lula classificou como “tralhas”, acabou culpando dona Marisa, que cuidou sozinha de tudo, porque ele era o presidente da República e não tinha tempo para cuidar dessas coisas. A propósito, disse saber que alguns presentes são valiosos e por isso estariam no cofre de um banco.



Minha Casa Meu Triplex

Sobre o tríplex do Guarujá, Lula demonstrou ter se tornado um patético novo rico. Ironizou o apartamento, dizendo se que se trata de um “tríplex Minha Casa Minha Vida”, que considera “muito pequeno”, por ter apenas 215 metros quadrados. Esta declaração do ex-presidente é um escarnio cretino, quando se sabe que as casas construídas pelo programa habitacional do governo têm apenas 39,6 metros quadrados. Ou seja, no tríplex desprezado por ele caberiam cinco casas e ainda sobraria espaço.

Acerca do sítio em Atibaia, Lula repetiu que a versão criada por seu advogado Nilo Batista, dizendo que só veio a saber da existência da propriedade no dia 12 de janeiro de 2011, ou seja, toda a mudança de Brasília para São Paulo teria sido organizada e comandada por dona Marisa, sem a menor participação dele.

E continuou se esquivando de responsabilidades, dizendo que nada sabe sobre um contrato do Instituto Lula com a empresa G4, que pertence a seu filho Fábio Luís, o Lulinha Fenômeno. Quanto à Flexbr Tecnologia S/A, que também fez contrato com o Instituto, o ex-presidente até ironizou o delegado federal, alegando que a empresa é “uma peça de ficção”, pois nunca ouviu falar a respeito dela. Mas acontece que a Flexbr existe, foi criada por Marcos Claudio Lula da Silva e o Sandro Luis Lula da Silva, filhos dele, e está sediada num imóvel que pertence à empreiteira Mito Empreendimentos, por coincidência fundada pelo advogado Roberto Teixeira e hoje registrada em nome da mulher e da filha do advogado, a advogada Valeska Teixeira Zanin Martins, que estava assistindo ao interrogatório.


Desacato dá prisão imediata

Diante do comportamento desaforado de Lula, os delegados podiam ter dado voz de prisão a ele, mas preferiram extrair novas informações para incriminá-lo. E o ex-presidente caiu como um patinho, como se dizia antigamente. Agora, está nas mãos do juiz Sérgio Moro decretar ou não a prisão dele. Se for nomeado ministro, a situação não se modifica, porque é apenas uma questão de tempo. O Supremo também mandará prendê-lo, porque uma coisa é certa – na vida, tudo precisa ter limites.




As Ultimas da Corte do Trabalhismo Corrupto


Manobras que fariam Nero sentir inveja
Só um país governado pelo petismo pode levar às manchetes de seus jornais notícia tão desonrosa: um ex-presidente da República, investigado por decisão da Justiça Federal, medindo a curta distância que o separa da porta da cadeia, cogita aceitar, de seu partido, refúgio num cargo de ministro. Bastaria um miligrama de senso ético por litro de sangue desse corpo político chamado Partido dos Trabalhadores para que a medida causasse vermelhidão no rosto e fotofobia, tornando obrigatório a todos o uso de óculos bem escuros e boné de aba baixa. Não há aqui espaço para um retorno de 500 anos na nossa história. Mais fácil é aceitar, logo de saída, aquilo que qualquer político corrupto (principalmente os do PT) diz quando pego em flagrante: “isso não começou conosco…”

Quando afirma que sempre houve “caixa dois”, quando denuncia a “compra de deputados por outros partidos” e quando fortalece no imaginário popular a ideia de que as coisas “sempre foram assim”, o que o PT faz na população é uma espécie de vacina, é a inoculação de um determinado tipo de antígeno capaz de nos fazer perder a sensibilidade, de abandonar o juízo crítico e aceitar passivamente e com indiferença que essa é a ordem natural das coisas na política e que, portanto, não poderia ser diferente na medicina.

Havia corrupção no Brasil antes do PT? Havia, sim. Depois que o PT desaparecer é possível que ela continue? Sem dúvida. Então qual a diferença? A diferença é que depois do PT ela vai ficar como uma das “tradições da nossa classe política”, como algo que nunca mais vai poder ser questionado pois tornou-se patrimônio cultural brasileiro, algo como o samba, o carnaval e o futebol. Como um Cristo Redentor com uma maleta cheia de dólares numa das mãos – um novo símbolo do Brasil -, uma nova característica da sociedade brasileira que nenhuma “junta de historiadores” poderá enfrentar: a Tradição de Corrupção.

Escandaloso? E quando foi que os escândalos voltaram a escandalizar o país? Note-se: essa é uma decisão praticamente consensual entre a elite partidária. E o que se pode esperar da militância, menos dada a operar com relações de causa e efeito?

O idioma inglês disponibiliza para situações moralmente repugnantes uma expressão muito forte: “Shame on you!”, que se pode traduzir por “Caia vergonha sobre você!”. Funciona como acusativo e como indicativo de repulsa social a um ato infame. Shame on you, Lula! Shame on you, PT! Lula refugiado num ministério para escapar às barras da Justiça é o último degrau de um escabroso poleiro moral.

Mas não é só isso. A ida de Lula para um cargo no Planalto é, também, a última tábua de salvação proporcionada ao governo que naufraga. Não há mais um sarrafo sequer no oceano de “marolinhas” em que afunda para mergulho abissal. Logo a militância petista tentará vender a situação ao país como se Lula fosse o príncipe que chega, montado num cavalo branco, para salvar a princesa de casaquinho vermelho. E decretarão um ano de festas e felicidade geral. Sim, sim, têm conversa para tudo, mesmo com João Santana preso.


*Antonio Siqueira é músico, articulista, escritor, trabalhador ativo de duas jornadas e não precisa, não precisou e jamais precisará de favores de quaisquer que sejam os governos e os políticos desgraçados que deles participarem.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Olhos Escravizados


Por Fernando Figueiredo - Niterói



Fernando_Figueiredo

















Lembro-me de uma frase de  “O amigo americano”, romance policial de Patricia Highsmith:Tome cuidado, os olhos não se compram.” Pois bem, a frase está errada. Os olhos se compram, sim. O único contratempo é que os donos dos olhos não recebem nenhum centavo por isso.

Não me refiro aqui aos traficantes de órgãos, mas de algo bem parecido, simbolicamente. Uma prática, aliás, bastante comum: me refiro, em poucas palavras, a propaganda nos meios audiovisuais.

Sempre ouvimos dizer que a publicidade é um serviço ao público. Eu digo o contrário: o valor que a publicidade agrega a um produto, depende da atenção que consegue atrair do consumidor.

 Propaganda Politica: A arte e o poder de conduzir o povo























Pensei sobre isto essa semana, os meios de comunicação, podemos especificar aqui a TV, como exemplo, conquistam a atenção do público para depois vendê-la, e bem caro. Nós temos os olhos vendidos sem nos dar conta, estão com esperteza pra cima da gente.

No que diz respeito a propaganda política, em sua forma moderna, foi inaugurada pelo bolchevismo. Mas antes disso houve líderes que reconheceram  a importância da propaganda, Napoleão foi um deles.

A propaganda, segundo Bartlett, é uma tentativa de influenciar a opinião e a conduta da sociedade, de tal modo que as pessoas adotem uma conduta determinada.

O que vivemos hoje, no Brasil, é uma tentativa de reduzir a luta política a um maniqueísmo de forma a dificultar a confrontação de opiniões. No caso, de um lado estaria, supostamente, a esquerda, que chegou ao poder através do líder proletário, vítima de perseguição de uma direita reacionária. “Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade.” disse certa vez Joseph Goebbels.



Fernando Figueiredo é jornalista, articulista, contista, cronista e escreve sobre cinema no Arte Vital Blog





E tem música:






sábado, 2 de janeiro de 2016

Vaticano Abre Processo de Beatificação de Dom Helder Câmara

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


"Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista."
(Dom Helder Câmara)


dom helder nunca foi comunista






















A ausência de brasileiros na lista de vencedores do Prêmio Nobel costuma ser apontada como um dos sintomas do nosso atraso. Muitos governos colaboraram para isso ao deixar de investir em pesquisa e educação pública. Outros preferiram sabotar diretamente os candidatos daqui. Foi o que aconteceu com dom Helder Câmara, indicado ao Nobel da Paz nos anos 70, durante a ditadura militar.

Na semana passada, um relatório divulgado pela Comissão da Verdade de Pernambuco mostrou como o regime se mobilizou para impedir que o bispo fosse premiado. Os generais não perdoavam sua luta pelos direitos humanos, contra a tortura e a favor dos mais pobres.

A comissão localizou documentos secretos do Itamaraty sobre a campanha contra dom Helder no exterior. Telegrama de 1971 do embaixador Jayme de Souza Gomes, representante do Brasil em Oslo, comprova a existência de um “programa de ação contra a candidatura do arcebispo de Recife e Olinda”. Uma das táticas da ditadura foi ameaçar empresários escandinavos, avisando que a premiação de dom Helder poderia “por em risco os capitais estrangeiros” no país.

No front doméstico, a perseguição era mais bruta. Em 1969, a repressão torturou e matou o padre Antonio Henrique Pereira Neto, auxiliar próximo do bispo. A imprensa foi proibida de noticiar o crime, que comoveu milhares de fiéis. A censura impedia publicações sobre dom Helder, a não ser para criticá-lo. O escritor Nelson Rodrigues, defensor do regime, costumava chamá-lo de “ex-católico” e “arcebispo vermelho”. “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”, reclamava o sacerdote.

Há oito meses, o Vaticano autorizou a abertura do processo de beatificação e canonização de dom Helder. O bispo não ganhou o Nobel, mas pode virar santo.