segunda-feira, 4 de julho de 2016

A Desmoralização é Iminente, A Involução é Fato

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Arte_Charge_@Duke

























De repente, a indignação. É inaceitável o número de bandidos flagrados desviando dinheiros públicos há anos, processados em seguida e que agora são privilegiados objetos de bondades do Judiciário. Sucedem-se as condenações, seguem-se os benefícios concedidos aos condenados, distribuídos através de prisões domiciliares e outras facilidades. Multas são reduzidas e a liberdade concedida àqueles que deveriam estar trancafiados como qualquer criminoso comum. Com certeza, continuam empenhados em burlar a lei, até praticando os mesmos desvios e crimes de antes.

Advogados poderosos obtêm para seus clientes todo um conjunto de benesses que os transformam em hóspedes de luxo nos hotéis de suas próprias casas. As delações premiadas permitem muito mais do que a redução das penas, favorecendo milionários hóspedes postos à beira de suas piscinas e salas de luxo.

Falta alguém no mundo da Lava Jato, e não são apenas os criminosos pretensamente condenados. Quem permitiu essas aberrações precisa ser denunciado e responder por elas. Pertence ao universo das elites, àquele grupo social onde a lei possui dimensões elásticas.

Não se tem notícia de que o ladrão de galinhas foi beneficiado com favores iguais. Carece de relações especiais, de advogados milionários e de juízes lenientes. A desmoralização ficará próxima, caso permaneça essa prática.



2 comentários:

  1. Por onde começar? Em entrevista recente à revista Planeta, o psicanalista Jorge Forbes faz algumas provocações. “Não há nada a melhorar no sistema que nos levou à situação atual no Brasil. Tem de jogar fora. Mas qual vai ser a política? Quem descobrir vai ganhar um Prêmio Nobel. Vamos ter de descobrir isso antes de nos matarmos. E acho que o brasileiro já está sensível à questão. A ‘turma do deixa disso’ está entrando em campo. Mas precisa ter argumentos melhores para apontar um caminho político possível que não seja a guerra.”

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    1. A princípio é preciso reduzir o número de partidos no Legislativo brasileiro. É muito difícil de manter um sistema presidencial multipartidário coeso sem algum tipo de clientelismo. Quando a economia não vai bem, é muito difícil manter essa coalizão unida. Se não houver clientelismo, obras públicas e nomeações, como manter esses partidos apoiando o governo? Não há a possibilidade de obter a maioria absoluta no Legislativo.
      Esses partidos não têm políticas, mas você pode sempre comprar o apoio do PMDB com clientelismo. Ao mesmo tempo, quando há agências de controle observando com cuidado, fica difícil manter as coalizões funcionando. É necessário extinguir uns 70% dos partidos que aí estão.

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