domingo, 25 de março de 2012

A corrupção está no DNA do indivíduo


O que fizeram com Vera Cruz?
   Por Antonio Siqueira


@image_Guto_Cassiano

   















        




      Cabe a pergunta do titulo deste texto? Mesmo numa linguagem retro, obviamente que sim, principalmente quando nela é parafraseada uma das letras mais emblemáticas da MPB moderna; Vera Cruz está nas mãos de usurpadores profissionais. A reputação do Brasil vem sendo esculhambada de uma forma tão vil neste começo de milênio que, provavelmente, deve deixar a imensa maioria dos cientistas sociais sem eira nem beira. Violência urbana, violência doméstica, violência ciber-virtual (a mais nova modalidade de crueldade ao alheio), corrupção em todos os setores e uma falta de perspectivas existenciais numa juventude fadada ao abandono ideológico. Almas como as de Darcy Ribeiro, Nelson Freire, Milton Santos e até o mítico Ruy Barbosa devem padecer de um dilema astral de dar dó. O que somos perante o mundo? O país do “jeitinho”? ... Das licitações de cartas marcadas? Do abominável Mensalão? Da “corrupção genealógica”? A questão, repito, vai além de um moralismo social arrogante e pretensioso; essa maldição indissolúvel tornou-se sólida, ganhando contornos de hereditariedade. É pátrio e comunga com um sistema judiciário que paternaliza a desgraça quando o exemplo vem de cima, quando advêm dos escalões ditos superiores, até os “pobres diabos” que compram a preço de banana outros não menos pobres diabos do serviço publico, como nesse escândalo denunciado por importante Rede de TV, a “Mother Globe”. Provavelmente, a serviço do que apenas sempre interessou a ela mesma, mas que mesmo assim, acaba exteriorizando as chagas mais profundas do sistema vigente.

       Licitações de cartas marcadas não são novidades aqui no Rio de Janeiro, tampouco em outros Estados da Federação. Arrepia-me só de pensar o que não acontece na Brasília (DF) de Joaquim Roriz e outros vermes que o antecederam e o precedem. O que indigna é o escárnio com que os representantes dessas empresas nojentas tratam o tesouro publico, isto é: o seu dinheiro. Não perderei nosso precioso tempo transcrevendo aqui os diálogos daquelas negociações, tampouco o que dizia àquela “piriguete” roliça e quimicamente loira que representava uma das empresas. A verdade é que, novidades ou não, é hora de encarcerar essa camarilha de vampiros do dinheiro público, fiscalizar com rigor e prestar esclarecimentos conclusivos à sociedade. O esquema é de máfia, pois os indiciados nestes inquéritos não concordaram com a delação premiada; entende-se que tanto esses funcionários públicos da Federação Fluminense, quanto os da Receita Federal formam uma quadrilha temida por estes empresários e seus paus mandados. Gente que mata! O curioso é constatarmos que pagamos com nossos impostos e com o suor de nosso trabalho, os robustos salários de algumas centenas de canalhas criminosos e concursados dos serviços públicos Estaduais e Federais.

       A cartilha que vêm de cima é perfeita. No país em que o Mensalão é visto e defendido como medida moral para se governar, pode-se esperar qualquer absurdo. Chegará o tempo em que teremos o manual do corrupto para iniciantes e afins ou apostilas ensinando o seu filho como agir de uma forma que não lhe envergonhe em nome da boa moral. A “Lei de Gerson” é uma realidade. Pobre do “canhotinha” que deu uma bobeira tremenda naquele infeliz comercial de TV, expondo sua condição de fumante de um cigarro vagabundo e que lhe rendeu este fardo eterno.

       O Iluminismo trazia um célebre pensamento: “O poder emana do povo.” A queda da Bastilha foi o símbolo da derrubada do poder monárquico-absolutista na Europa e a reação popular conduziu uma luta sem precedentes contra as velhas classes sociais que dominavam a sociedade francesa do Ancien Régime. A revolução foi a maior da historia das grandes civilizações e as suas conseqüências não se limitaram aos limites geográficos do velho continente. Com ela assumia o poder a burguesia, um pouco diferente desta que aí está. Foi a classe que criou um dos mais poderosos sistemas econômicos da Historia: O capitalismo industrial e trazia consigo um lema imortal, mas que se transformou aos poucos em utopia: Igualdade, liberdade, fraternidade. Com elas, novas classes sociais surgiram na Historia do planeta. E é aí que humanidade exercita o seu dom destrutivo para aniquilar grandes ideais. Foi assim com o Cristianismo (principalmente o arcaico), o Luteranismo da Contrarreforma, o Calvinismo, o Comunismo, dentre outros movimentos que, em meio a tantos “ismos”, acabaram gerando outros “filhotes bastardos” do ideal humano e existencialista: O Isolacionismo e o Egoísmo.

       O povo brasileiro desconhece a sua força e a sociedade se corrompe conscientemente, emaranhada numa mediocridade que só nos resta lamentar. Como o burro diante da cenoura, caminhamos caoticamente à tribulação final. Que o Criador tenha compaixão destas almas.


arte: guto cassiano


3 comentários:

  1. lo que pasa con el gran tesoro llamado Brasil?

    Cabañas

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  2. A civilização ocidental precisa revisitar a ambiência grega do tempo de Clístenes e Péricles, em que os deuses do Olimpo possuíam os mesmos sentimentos do cidadão comum: os "pobres mortais" (ainda que não tão pobres assim). Naquele tempo foi possível romper com os mitos que fantasiavam e mascaravam a realidade, para doravante fundar uma nova crença, onde o um novo Homem nascera para propugnar novas perspectivas sobre a condição existencial dos cidadãos. Foi uma batalha dura, mas legou à Humanidade a certeza de que é possível voltar-se eternamente aos princípios que margeiam a cosciência sobre as verdades da vida. A este axioma Sartre acusara de "Lei do Eterno Retorno". Um dia a boiada irá estourar, caro amigo Antônio. Vandré, nos anos 60 assim descrevera a dita situação por ti arguida:"Vim de longe, vou mais longe/Quem tem fé vai me esperar/Escrevendo numa conta/Pra junto a gente cobrar/No dia que já vem vindo/Que esse mundo vai virar/Noite e dia vêm de longe/Branco e preto a trabalhar/E o dono senhor de tudo/Sentado, mandando dar/E a gente fazendo conta/Pro dia que vai chegar/Marinheiro, marinheiro/Quero ver você no mar/Eu também sou marinheiro/Eu também sei governar/Madeira de dar em doido/Vai descer até quebrar/É a volta do cipó de arueira/No lombo de quem mandou dar." Quem viver verá!
    Forte abraço!

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