sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A República dos Delatores


Por Fernando Figueiredo - De Niterói





@arte_Politica&Afins





















No código moral de qualquer país, é difícil encontrar, entre os mais abjetos gestos humanos, algum que seja mais condenável que a deduragem. Nem os desgraçados que confessavam sob tortura eram perdoados, os traficantes os matam, os guerrilheiros de esquerda, os baniam.

Nem mesmo um homem que nega a paternidade a um filho, ou uma mãe que joga um recém nascido na lata do lixo são piores. No Brasil, em particular, muitos dos nossos chamados heróis foram foras da lei, como Lampião, o cangaceiro, mas não se sabe de nenhum poeta que tenha contado as aventuras de um delator.

Se o inferno existir, os delatores seriam barrados na porta por Lúcifer, pessoalmente. Até mesmo a ira divina teria por eles total desprezo, restando apenas que vagassem, entre as sombras, as almas atormentadas, carregando sua vergonha.

Acontece que, por incrível que pareça, a agenda brasileira tem sido pautada por delatores, que ganham destaque nas manchetes dos jornais e noticiários da TV. E isso não é ruim, ao contrário, isso é bom. Devemos aos delatores o que de melhor tem acontecido em nossa democracia.

Não denunciaram um igual a um tirano, o que seria desprezível, mas um corrupto a seus iguais. Por isso, esse tipo de delação, significa que as instituições democráticas aparecem como um abrigo para os que querem um país menos indigno.

Por mim, acredito que todos os delatores irão para o paraíso, não porque o diabo os tem nojo, nem pela indiferença dos anjos. Mas porque devemos a eles a oportunidade de nos redimir e salvar nosso país desses esquemas imundos.



Fernando Figueiredo é jornalista, articulista, contista, cronista e escreve sobre cinema no Arte Vital Blog




E tem música no artigo:






Um comentário:

  1. Perfeito não é pois o assunto é de uma tristeza profunda, mas é quase isso.

    Marcelo - RJ

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