sábado, 1 de novembro de 2014

E assim será!

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


Você acredita em urna eletrônica?















Conhecidos os resultados da eleição  formal, muda alguma coisa no país real?  Nem pensar. Desfizeram-se desde as 17 horas de ontem, encerradas as urnas, sonhos e promessas ilusórias. Nem as filas  e o péssimo atendimento nos hospitais públicos desapareceram, muito menos 4 mil creches brotaram do chão, sequer o sofrível ensino público mudou por passes de mágica ou os salários dos professores tornaram-se compatíveis com a dignidade de cada um deles. Quantos eleitores, ao voltar para casa, foram assaltados por flanelinhas e flanelões? Diminuíram os frequentadores das bocas de fumo, motorizados ou a pé, comprando drogas de diversas espécies?  As cracolândias se esvaziaram nas grandes e nas pequenas cidades? Mudaram os canteiros de obras públicas paralisadas no país inteiro?

Não teria fim o desfiar do rosário de carências nacionais, com ênfase para os ladrões de colarinho branco que votaram com arrogância  nos seus preferidos. O Brasil é o mesmo, depois da temporada de ilusões verificada no período pré-eleitoral.

É nítido o descompasso entre a atuação da Justiça e a necessidade da apuração, julgamento e punição dos bandidos que roubaram a Petrobras. Se no caso do mensalão quase dois anos decorreram entre as denúncias e a ida dos culpados para detrás das grades, imagine-se nesse escândalo muito maior, onde pela primeira vez os corruptores parecem identificados e em condições de ser punidos.

Mais resistentes do que parlamentares e políticos de diversos matizes são  as empreiteiras também  envolvidas na lambança. Só depende da Justiça, mas quanto mais ela tarde, mais crescerá a hipótese de tudo terminar em pizza. Daqui ao fim do ano vive-se um momento  crucial: caso cheguem as prolongadas férias do Judiciário sem revelações e ações efetivas, melhor virar mais uma página da farsa das impunidades

A farsa do pagamento da dívida externa pelo governo Lula
É demagogia induzir a sociedade a acreditar que as reservas internacionais quitaram a dívida externa brasileira. É ficcional a versão da dívida externa zerada. Em agosto de 2014, o Banco Central informava que a dívida externa bruta totalizava US$ 333,1 bilhões. Igualmente atestava que as reservas internacionais totalizaram US$ 379,4 bilhões. O Brasil integra o ranking dos 15 países COM MAIOR DÍVIDA EXTERNA , de conformidade com relatório do Banco Mundial


Youssef: uma casca de ovo em meio a um tornado

Este domingo, enquanto os brasileiros iam às urnas, a internet fervilhava com o boato de que o doleiro Alberto Youssef morrera envenenado e a notícia estava sendo adiada até o final da votação. A boataria era tão forte que a própria Polícia Federal teve de desmentir a falsa notícia, divulgando uma foto de Youssef na cama do hospital, fora da UTI. E a psicóloga Kemelly Youssef, filha do doleiro, deu uma entrevista reforçando o desmentido da PF e anunciando que seu pai estava recuperando bem a saúde.

A preocupação com a saúde de Youssef é procedente. Embora já tenha prestado praticamente todas as informações necessárias para devassar o esquema montado pelo governo na Petrobras para subornar os parlamentares dos três principais partidos da base aliada (PT, PMDB e PP), é importante que ele permaneça vivo e em condições de esclarecer qualquer dúvida, especialmente sobre o conhecimento que o ex-presidente Lula e sua sucessora Dilma tinham a respeito da corrupção na estatal.

A saúde de Youssef é particularmente importante, porque Dilma Rousseff “ganhou” e agora terá de vencer também as acusações do doleiro, que podem conduzir ao impeachment dela.



Novidades

Em meio a esses escândalos, surgiram as surpreendentes novidades desta eleição, estabelecidas pelo ministro Dias Toffoli, que só chegou ao Supremo e ao Tribunal Superior Eleitoral por ser petista, amigo íntimo do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente Lula.

A primeira inovação foi o cancelamento dos testes de segurança nas urnas eletrônicas. E a oposição não protestou, nada, nada. O candidato Aécio neves em nenhum momento da campanha eleitoral levantou esse importante assunto, que no entanto foi profundamente discutido aqui na Tribuna da Internet, inclusive houve uma grave advertência do jurista Jorge Béja a esse respeito.

Depois, a apuração secreta das eleições, que jamais havia ocorrido no país. Ou seja, o resultado das urnas sem teste foi computado pela Justiça Eleitoral sem efetivo acompanhamento dos fiscais dos partidos, e o resultado só foi divulgado quando confirmada a vitória da candidata da situação, e por vantagem mínima, certamente para não dar na vista.

Traduzindo tudo isso: estamos num país com os três Poderes apodrecidos, onde decididamente não se pode confiar na Justiça.  

2 comentários:

  1. Certo é que poderíamos estar bem e este aparelhamento, nunca antes visto na história deste país, faz parecer que não temos uma democracia na acepção da palavra.
    Osvaldir

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