sábado, 26 de março de 2016

A cabeça da medusa

Por Fernando Figueiredo - De Niterói

@arte_politica_&_Afins


Todos nós trazemos pesos enormes na consciência, esse peso, o da consciência, vem das suspeitas de uma pessoa sobre si mesma. a de ter traído as tradições que carregamos nos ombros, como pedras que formam uma catedral. E por que falo sobre peso? Para poder falar sobre a leveza.
Segundo Milan kundera, autor do romance “A insustentável leveza do ser”, o estado natural do ser não é sua matéria, mas seu oposto: sua leveza. E é apenas pelas obrigações que seus personagens se mantém no chão.
Por isso, a leveza é uma proposta para pensarmos o Brasil de hoje, porque a leveza tem pacto com a paz, este é o único caminho para sairmos da situação em que nos encontramos. Mal sabemos que caminho é este, mas já sabemos que, sem a paz, somos um país bomba, prestes a explodir.
Isso não é pessimismo, é apenas um diagnóstico. A questão é que não sei bem que leveza é essa, mas penso em todas as coisas que fiz, ou deixei de fazer, movido pela culpa e pelo peso na consciência. E cá estamos nós, de volta ao mesmo problema.

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Peço licença para invocar as palavras de Calvino sobre a Leveza, em suas seis propostas para o próximo milênio, em entrevista ele disse: "Quero dizer [com esse conceito] que preciso mudar de ponto de observação, que preciso considerar o mundo sob uma outra ótica". E diz ainda: "Para decepar a cabeça da Medusa sem se deixar petrificar, Perseu se sustenta sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento".


Fernando Figueiredo é jornalista, articulista, contista, cronista e também escreve sobre cinema no 
Arte Vital Blog 

2 comentários:

  1. Passei pelo blog para reler e refletir algumas coisas e me deparo com este presente, com esta pérola de artigo. Fernando, deixe-me falar: Está perfeito! obrigado pela sua contribuição gigante!

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